23/05/2023 às 16h33min - Atualizada em 24/05/2023 às 00h02min
Economia Criativa: um potencial pouco explorado para o desenvolvimento do Brasil
SALA DA NOTÍCIA Verbo Nostro
“Economia Criativa: Tendências, desafios e oportunidades” foi o tema de uma roda de conversa realizada nesta sexta-feira (19/05), dentro da programação do 2º FestMAO – Festival de Música e Arte de Ribeirão Preto. Com participação da consultora Ana Carla Fonseca e do gestor cultural Alê Youssef, a conversa foi mediada pela produtora cultural Adriana Scannavez e fez parte da Mostra Redes & Encontros do festival, realizada em parceria com o Sesc.
Ana Carla Fonseca definiu economia criativa como a criação de produtos e serviços que fazem a diferença a partir da criatividade humana, por meio da arte e da cultura, em paralelo à economia de inovação, baseada na ciência e na tecnologia. Para a consultora, a economia criativa apresenta três tipos de valores. “Em países desenvolvidos, falamos especialmente no valor agregado que cada expressão criativa apresenta. No nosso caso, de um país em desenvolvimento, devemos pensar também no valor compartilhado, em que cada elo da cadeia seja remunerado condignamente, e no valor percebido, ou seja, a necessidade de mostrar às pessoas o valor que está por trás do preço de um ingresso, por exemplo. As pessoas entendem muito a cultura pelo que elas veem, mas existe toda uma cadeia produtiva e econômica por trás disso”, avaliou.
Para Alê Youssef, o Brasil possui um potencial “absurdo, gigantesco, inexplorado e pouco valorizado que é colocar a cultura e a criatividade no eixo central de seu desenvolvimento econômico e social”. Ele lembrou números levantados pelo Itaú Cultural que demonstram esta força: o Brasil tem cerca de 7,4 milhões de trabalhadores da economia criativa (7% do total), e mais de 130 mil empresas criativas. Conforme a conclusão do estudo, o Produto Interno Bruto da Economia da Cultura e da Indústria Criativa corresponde a 3,11% do PIB nacional, movimentando um montante de R$ 232 bilhões por ano (dados relativos ao ano de 2020), acima do setor automotivo, que contribui com 2,5% do PIB.
Para aproveitar toda essa potencialidade, o gestor cultural propõe uma “revolução” no ensino técnico brasileiro. “É preciso modernizar nossa formação técnica, aproveitar toda uma geração de jovens interessados em cultura, em tecnologia e criatividade para fortalecer ainda mais nossa economia criativa”, defendeu, além de lembrar da necessidade de diálogo entre gestão pública e iniciativa privada em torno do tema e do mapeamento e da concessão de crédito para os empreendedores criativos como forma de expansão do setor.
Sobre o festival
O FestMAO - Festival de Música e Arte de Ribeirão Preto tem como propósito celebrar a diversidade da música brasileira. Em 2021, aconteceu a primeira edição do festival, de forma totalmente on-line, promovendo uma experiência inovadora e de alta qualidade. A organização do evento busca promover o diálogo entre diferentes formas de expressão artística e valorizar a produção da música autoral. Para esta 2ª edição, o compromisso é valorizar o artista local e, ao mesmo tempo, expandir fronteiras culturais.
Esta edição do FestMAO foi contemplada pelo ProAC (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo), com realização do Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. A produção é da Trajan Produções e Capacle Produções e conta com as parcerias institucionais do Sesc, Sesi e Biblioteca Sinhá Junqueira.