09/03/2019 às 18h10min - Atualizada em 09/03/2019 às 18h10min
O empreendedorismo como alternativa
Guilherme Vasconcelos Pereira - Guilherme Vasconcelos Pereira
Nos últimos anos, Campos convive com a escassez de empregos, desde 2015 segundo o Caged, o município apresenta saldo negativo de empregos. Em outros termos ocorrem mais demissões do que admissões em Campos há 4 anos. Esse cenário negativo do emprego reflete a realidade do município, aumentando a necessidade de atenção para sua economia. Preocupação maior é o efeito do desemprego para as famílias que aqui residem, o que está em jogo é sobrevivência.
Uma das alternativas mais discutidas é a do “Empreendedorismo”, no entanto, é necessário discutir tanto o “porquê” dessa alternativa, quanto os tipos de perfis empreendedores que surgem a partir daí. Essa alternativa já é uma realidade para mais de 49 milhões de brasileiros, segundo o Global Entrepreunership Monitor (2017), em estudo realizado com o SEBRAE, entidade no país ligada as micro e pequenas empresas.
Para entendermos melhor o que é o empreendedorismo, devemos voltar um pouco na história, é evidente que criar coisas novas existe a bastante tempo na humanidade, porém a pouco tempo se tem uma noção mais clara do que é “empreender” no cenário em que vivemos. Mais precisamente na economia esse termo vem do austríaco Joseph Schumpeter (1883-1950), para ele existia uma diferença entre inovação e invenção, o empreendedor seria o responsável por inovar no mercado em outros termos criar algo novo, já uma invenção representa algo novo mas que não foi levado ao mercado.
Nesse aspecto segundo os dados de 2017, aponta-se que no país apenas 8,1% dos empreendedores de fato apresentaram algo novo para o mercado, a maioria se insere no mercado partindo da ineficiência naquele setor, além disso a taxa de uso de tecnologia é de 0,6%, o estudo compara esses dados com de países como Argentina, países do BRICS e países desenvolvidos, nesse sentido o Brasil apresenta valores inferiores a todos eles.
Mais interessante ainda é pensar que entre os empreendedores já estabelecidos no mercado 86,9% não empregam ninguém ou empregam somente um funcionário. Nesse sentido a maioria se insere no perfil de Microempreendedor Individual (MEI), que pode contratar até um funcionário com salário mínimo e faturar até R$81 mil por ano. Voltando para Campos, segundo o portal do MEI na internet, o município possuiu em 2018, 19.349 microempreendedores, muito se discute hoje sobre a real função do empreendedor.
Diante do cenário de desemprego que vive o país, consequentemente o munícipio, empreender na verdade surge como forma de reinserir o indivíduo no mercado de trabalho, o debate atual sugere que o empreendedorismo nada mais é do que “gestão da sobrevivência” pouco tem relação com a inovação apresentada por Schumpeter. Parece ser necessário discutir outras alternativas para além do empreendedorismo, que se concentra em atividades de serviço e acabam causando poucos impactos de transformação como originalmente realizaria.
Referências:
SEBRAE,Relatório Especial - O Empreendedorismo e o Mercado de trabalho, 2017
GLOBAL ENTREPREUNERSHIP MONITOR, Empreendedorismo no Brasil - Relatório Executivo 2017
PORTAL DO EMPREENDEDOR MEI - http://www.portaldoempreendedor.gov.br/estatisticas
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/587031-nao-existe-empreendedorismo-mas-gestao-da-sobrevivencia-diz-pesquisadora