Você pode não conhecer o engenheiro e economista, Klaus Martin Schwab, que criou o conceito “capitalismo de stakeholder”, mas certamente, se você faz parte da geração Z (pessoas nascidas a partir do ano 2000) e pensa em investir, você vai buscar por empresas que além do lucro contribuem para o desenvolvimento comunitário local, que se preocupam com o meio ambiente e possuem transparência em seus atos.
Pronto! Agora descobrimos! Uma nomenclatura tão diferente para algo que em tese é simples: “capitalismo de stakeholders” é quando o sucesso da empresa é avaliado não só pelo seu ganho econômico e financeiro, mas pela sua contribuição com base em governança, desenvolvimento social e ambiental. Empreendimentos que fazem parte de um desenvolvimento sustentável, com foco nas pessoas, na preservação do meio ambiente e governança. Ou seja, aquela atividade que cumpre com a sua “função social” aquela prevista lá na nossa boa e não tão nova Constituição Federal/88, com o ideal de que não é apenas o lucro, mas também os reflexos sociais da atividade econômica.
Mas a pergunta de um milhão: Como alinhar os interesses dos empresários com os interesses sociais? No que tange as questões de direito ambiental, sabemos que se não houver essa conscientização dos direitos ambientais, não haverá matéria prima disponível e, consequentemente, irá inviabilizar o negócio. Não sejamos ingênuos, toda empresa requer lucros e, neste caso, preservar o meio ambiente não é só algo para se “sair bem na foto”, mas para garantir recursos dos quais a saúde financeira do negócio depende direta ou indiretamente.
No que tange às questões sociais, sem dúvidas empresas que buscam melhorar a qualidade de vida de seus empregados e as condições de trabalho, respeitando os direitos trabalhistas, tem diminuído drasticamente o número de demandas e condenações nesta esfera e, como consequência, a redução de gastos. Já no quesito de ações voltadas para a sociedade, além de ter um alcance publicitário maior, alavanca as vendas para os consumidores conscientes e atrai interesses de possíveis investidores, além de tudo a empresa também poderá obter vantagens fiscais.
O fato é que se faz necessário saber avaliar e gerir os impactos negativos e positivos que o negócio gera para sociedade, criar valores a longo prazo, saber ser transparente e responsável. Se isso antes tratava-se apenas de discursos ideológicos de ativistas, hoje faz parte de uma realidade exigente, não só por “estar na moda”, mas sim, porque tem um impacto direto na economia e o empresário que tem essa consciência e a colocar em prática, certamente estará à frente.
* Priscilla Bortolotto Ribeiro é especialista em Direito do Trabalho, professora e tutora dos cursos de pós-graduação do Centro Universitário Internacional – UNINTER.