10/06/2019 às 15h39min - Atualizada em 10/06/2019 às 15h39min

É preciso pensar socialmente, SIM!

Entra na conversa!

https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/giro-sustentavel/sustentabilidade-social-ou-simplesmente-pensar-coletivamente/
Uma crise, seja ela qual for, sempre provoca uma reflexão acerca das atitudes tomadas, resultados das decisões individuais ou coletivas. Esteja nas relações pessoais ou até mesmo nas sociais, as consequências negativas nos levam a pensar naquilo que poderia ter sido diferente.

Em um difícil cenário social a discussão sobre a importância das políticas públicas vem sendo destacada, assim como as histórias de lutas pelo cumprimento de direitos e deveres, explícitos na Constituição Federal (CF), de 1988, estruturada por representantes da sociedade civil organizada, após o período da Ditadura Militar (1964 – 1985). Fica perceptível que ainda há heranças de nossa história e com a atual realidade é preciso “puxar a cadeira e entrar na conversa”.

Diante dos erros cometidos no percorrer dos anos é hora de mediar conflitos, daqueles que não são pequenos. Mas para isso é preciso compreender outras realidades, levando em consideração a relevância da coletividade neste processo de amplo diálogo. Se faz necessário falar e ouvir!

O desenvolvimento dos ambientes e o investimento na infraestrutura nem sempre vão ao encontro daquilo que foi desejado e do devidamente planejado. Pensar socialmente ultrapassa os interesses mercadológicos, quando o capitalismo toma espaço, justificando nas leis os interesses da minoria, o que o geógrafo Milton Santos (2000) vai chamar de “pilares de pequenos atores globais em seu benefício exclusivo”. É o dinheiro e a Informação totalitária sendo priorizados em um país dito democrático. Como diz David Harvey é o “direito à cidade nas mãos da elite”.

É preciso pensar socialmente, sim! Julgar a qualidade a partir do espaço demográfico não parece justo. A educação é um bom exemplo e ela precisa ser repensada a partir da necessidade do outro. Isso é refletir de forma micro, conhecendo o ambiente do entorno, assim como os sabres locais, deixando de se impor um currículo condicionado aos educadores e educandos.

Julgar um ensino ineficiente na periferia, com base na vulnerabilidade social não é o caminho. Paulo Freire em sua obra “Pedagogia do Oprimido” (1974) traz o malefício da educação bancária e amplia a compreensão de educador e educando como parte de um mesmo contexto. Estruturar a mesma aula para todas as realidades não remete uma boa saída. E para isso é preciso mudar o sistema. De um lado o desenvolvimento prioritário e do outro, a educação esquecida.

Santos afirma que “vivemos em um mundo confuso e confusamente percebido”, quando a verticalidade dos opressores toma espaço, mas se faz necessário um olhar horizontal, que é o desejo dos oprimidos. O que mais se percebe é a predominância de fatores externos interferindo na vida de atores sociais que lutam pelo espaço, de direito. São índios, quilombolas, pescadores, assentados, entre outras representações que se enxergam ameaçados com a justificativa do crescimento da infraestrutura. Às vezes o que o agricultor deseja é apenas o fruto do seu trabalho. Não necessariamente uma carteira assinada!

É preciso pensar socialmente, sim! A partir deste contexto Ermínia Maricato (2000) traz uma reflexão importante quando afirma a necessidade das “ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias”. É o investimento destinado a bairros já beneficiados, excluindo áreas periféricas com o argumento de que são invasões e posses ilegais.

Enquanto é permanente a ausência da participação social, as classes dominantes se organizam para manter o desenvolvimento urbano, como registrado por Harvey. É difícil pensar no socialismo em uma cultura capitalista, que encontra na história o desejo pelo crescimento a qualquer custo. É o turismo que já entra em cena quando se fala no Rio de Janeiro do carnaval, da alegria, do verão e do futebol (e olha que o país do futebol é a Inglaterra) ou até mesmo na França e no seu romantismo, além da culinária sofisticada. Até a Rocinha virou ponto turístico, sendo os moradores meros “produtos” para os gringos que os admiram.

É preciso pensar socialmente, SIM!
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