23/07/2021 às 21h52min - Atualizada em 23/07/2021 às 21h51min

“Estamos salvando os correios”. Será?

Sandro Figueredo Silva

Sandro Figueredo Silva

Economia, Política e Sociedade

A polêmica privatização dos correios está em pauta novamente na câmara dos deputados. E sabe o mais interessante? Um Secretário do Ministro que veio do mercado financeiro, co-fundador do Banco BTG Pactual e de vários fundos de investimento acaba de dizer “Estamos salvando os correios”. Salvando pra quem?

Podemos tratar como “sabido” o fato de termos consórcios no leilão de vendas dos correios. Esses Consócios são fundos de investimento internacionais enacionais. Existem também grandes players logísticos do Brasil e do mundo como MercadoLivre, MagazineLuiza e Amazon.

Estão salvando os Correios de que? Acredito que alguém queira “salvar o lucro” pra si, já que a Estatal deu nada mais nada menos do que R$1,53 bilhão de lucro líquido no último ano, o maior lucro dos últimos 10 anos.

Se você tiver uma empresa e que dá lucro, venderia ela pra alguém?

Vale ressaltar que os correios estão presentes em mais de 5.000 municípios e tem a sua função social exercida em todas as regiões do país. A Estatal está presente em locais tão remotos  e afastados, que nenhuma empresa privada estaria lá, já que, não dão lucro. A estratégia de integração nacional funciona muito bem nesse sentido, já que a Estatal lucra muito em grandes centros e subsidia postos dos correios em cidades pequenas.

Uma Estatal como essa e que tem dado um lucro bilionário não merece ser privatizada, merece uma atenção especial e que seja tratada como uma empresa de alta tecnologia. Os correios sempre foram conhecidos por sua “rapidez” e eficiência, algo que foi ficando para trás nos últimos anos. Mas por que privatizar ao invés de modernizá-la? Garanto que recursos para investimento existem.

Falando ainda de eficiência e como já disse, foi perdida ao longo de alguns anos. Você sabe o motivo? Principalmente o clientelismo político, o empreguismo, o uso político da empresa foi acabando com tal eficiêcia. Os Correios já foram modelo para o mundo, mas essa troca de cargos técnicos da empresa por atores políticos incopetentes foram destruindo seus pilares.

O futuro dos Correios não depende de uma privatização, mas de gestão, tecnologia, melhorias nos processos e na logística. Setores que a empresa já possui funcionários concursados técnicos nas devidas áreas e com soluções para todos estes problemas.

Mas dá para falar de gestão com governança?

A Petrobrás tem um modelo de gestão que vem seguindo as premissas de mercado com gestores indicados pelo poder público. Não estou aqui falando da política de preços dos combustíveis, mas de um modelo de gestão que visa lucro e vem dando certo, mas peca na função social de Estatal.

O Brasil ainda é um país que depende muito do Estado por ter uma população predominantemente pobre. Muitos setores econômicos ainda funcionam com imperfeições de mercado e que o Estado atua e ajuda a aliviar. Acredito que Privatizar qualquer setor que seja estratégico nesse momento, pode aumentar o volume dessas imperfeições de mercado - consideramos setores estratégicos aqueles voltados a integração nacional, energia, saúde e educação - e gerar efeitos negativos para o brasileiro, deixando-nos ainda mais pobres e vulneráveis.

Sandro Figueredo
Economista
CORECON/RJ - 27528
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