Portas fechadas, luzes apagadas e funcionários demitidos. Essa situação foi vivida por 1.044 milhão de empresas no Brasil ao longo do ano passado, de acordo com dados do Ministério da Economia, enquanto em 2018, por exemplo, 762 mil companhias encerraram suas atividades, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As pequenas empresas que sobreviveram, por exemplo, tiveram retomada interrompida. Segundo a pesquisa O Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios, divulgada em fevereiro deste ano, a queda média das receitas foi de 40%, comparada à pré-pandemia.
Na contramão desse panorama, o setor de Big Data está em crescimento. Esse termo se refere ao volume de dados gerados, de forma variada e em grande velocidade. De acordo com um levantamento do site MediaBistro, a cada segundo, mais de 2.8 milhões de e-mails são enviados no mundo. E em um minuto são feitas mais de 694 mil pesquisas no Google, o maior site de buscas da internet. A cada dia a humanidade cria 2.5 quintilhões de bytes de informação que só são compreensíveis para fins comerciais e de pesquisa se o Big Data for utilizado para compreender os padrões ali presentes.
Toda essa atividade online pode ser convertida em informações importantíssimas. O processo de analisar, catalogar e direcionar toda essa informação para um determinado fim é chamado de Big Data. As maiores empresas do mundo hoje baseiam-se em Big Data para desenvolver seus projetos, avaliar o engajamento de seus conteúdos, interesse dos clientes, entre outras tarefas.
Hipoteticamente, por exemplo, hospitais e sistemas de saúde podem compreender padrões das doenças e comportamento dos pacientes, o que lhes evita quantidades enormes de gastos desnecessários em exames e tratamentos. Trazendo isso para um serviço ainda mais conhecido, a Netflix em 2020 deixou de perder 1 bilhão de dólares ao utilizar essa ferramenta na retenção dos seus clientes.
Para que seja possível ter uma ideia do tamanho do impacto de Big Data nas empresas, segundo a Finances Online, 75% das organizações que usam essa ferramenta o fazem para acelerar seus crescimentos, e seu aumento de lucro está entre 8 e 10%. Além de as empresas enxergarem resultados melhores no mundo pós-Big Data, as startups que atuam no ramo têm recebido cada vez mais atenção e, consequentemente, maiores investimentos e aporte financeiro.
Ascensão
Até o final de 2025 estima-se que as receitas de serviços de Big Data alcançarão a incrível cifra de 119 bilhões de dólares. Em 2021, os investimentos em inteligência artificial (IA) no Brasil podem chegar aos US$ 464 milhões, cerca de R$ 2,4 bilhões. É o que estima a IDC, consultoria especializada em inteligência de mercado.
A Neoway já recebeu mais de US$ 105 milhões de investidores globais e locais, como Temasek, Accel Partners, em rodadas desde 2014. A Ramper anunciou, no começo deste mês, aporte de R$ 8 milhões, liderado pela DOMO Invest e pelo fundo Smart Money Ventures. E, no começo de fevereiro, a startup Cortex, após receber 170 milhões de reais, comprou a ITB360.
A Speedio, plataforma de geração de leads B2B, também cresce no mercado de maneira significativa, mas optou por não buscar investimentos até o momento. O cofundador da empresa, Maucir Nascimento, relata que a média de crescimento da organização é de cerca de 16% ao mês desde julho de 2020. E, entre janeiro deste ano e hoje, o número de usuários cresceu em quase 100%. "A partir do começo desse ano, o mercado ganhou força e quem não está vindo para cima está perdendo o momento histórico", pontua o especialista em Growth.
Posicionamento
Os impactos causados pela pandemia foram superados com olhar empreendedor. Para ter sucesso, é preciso inovar e procurar soluções. "Mesmo no começo da pandemia, quando a maior parte dos empresários ficou atordoada, resolvemos não demitir ninguém e apostar no negócio. Nossa percepção é que os empresários teriam a visão de que ‘os boletos vão continuar chegando’", conta Maucir.
Entre os meses de abril e junho de 2020, o faturamento da startup apresentou queda. "O mercado demorou para entender a situação. Perdemos clientes, alguns grandes, mas esse período de retração só se deu até junho. Depois as empresas perceberam a força do outbound como um diferencial para superar a crise e entramos em um crescimento sem igual", finaliza.
A dificuldade em vender os produtos e serviços é um desafio enfrentado pelas empresas e que se intensificou durante a pandemia. No Brasil, existem quase 22,5 milhões de empresas ativas, de acordo um levantamento realizado pela a Speedio, com base na Receita Federal. Sendo que 88,40% são microempresas e 4,97% são empresas de pequeno porte. Segundo análise da empresa, 9,3 milhões de empresas são B2B. Destas, cerca de 2,2 milhões têm como maior desafio de sobrevivência as suas vendas, principalmente as micro e pequenas empresas.
Ainda de acordo com os dados analisados, somente 33 mil dos negócios contam com uma pessoa em tempo integral para fazer prospecção ativa e, se considerado meio período, esse número pode chegar a 120 mil. "Existem dois milhões de empresas que precisam desesperadamente vender. E apenas 5% delas entenderam o que precisam fazer para suprir essa necessidade que desafia suas existências", complementa Nascimento.
Para ajudar esses negócios a crescerem, a startup oferece informações de empresas - como atividade, gestores, telefones e e-mails -, que podem ser segmentadas em 70 filtros, em um valor acessível para empresas de qualquer porte. Nesse oceano de oportunidades do mercado, as estratégias definem quem sai na frente. "Por isso estamos nadando de braçada", finaliza Maucir Nascimento.