No primeiro semestre de 2019, foram financiados no Brasil cerca de 2,87 milhões de carros novos, seminovos e usados (com vasta maioria para estes últimos). Isso mostra que o financiamento é, ainda hoje, a maneira mais fácil e comum de se adquirir um automóvel no Brasil.
No entanto, financiar um carro não é tarefa simples. As parcelas mensais pesam no orçamento da casa e, com os juros compostos em ação, podem tornar a dívida maior do que a pessoa poderia lidar no momento.
Por essa razão, é importante simular os juros do financiamento do carro para montar um plano bom o suficiente para lidar com a dívida de maneira segura e saudável, sem riscos para a vida financeira da pessoa. Os especialistas de uma empresa explicam como fazer isso nos próximos parágrafos, começando por uma mudança de mentalidade.
"Muita gente não entende bem como funciona o financiamento. Financiar significa aumentar as dívidas. No entanto, não é contrair uma dívida ‘ruim’, aquela que pode deixar o nome sujo, por exemplo, mas sim no sentido econômico de viabilizar um investimento", explica o especialista da NoxCar.
Na prática, a mudança de perspectiva ajuda a entender como lidar melhor com o financiamento: "Se dissermos que é uma dívida, a pessoa se retrai. Mas se explicarmos o conceito corretamente, ela lida bem com o processo e não se complica no futuro".
Uma das principais dicas para lidar bem com o financiamento de um automóvel é entender o papel dos juros na operação e como se preparar para lidar com isso. "Os juros são elementos que aumentam o preço do carro via financiamento. Na prática, um veículo que custa, digamos, R$50 mil pode se transformar em R$65 mil por causa dos juros. É preciso ponderar isso antes de assinar o financiamento", revela o especialista.
No entanto, existem maneiras de baratear os juros dos financiamentos. Isso porque os juros são calculados com base no valor total financiado e no Score do comprador. "Na prática, os bancos e financeiras olham e avaliam o risco daquele cliente não conseguir pagar. Se o risco for baixo, os juros serão baixos para incentivar o financiamento; mas se o risco for alto, os juros vão acompanhar essa situação para proteger o banco", diz o especialista.
Por esse motivo, quem quer financiar o carro precisa começar a pensar nisso com antecedência, a fim de montar um plano de redução de juros para o procedimento.
"O ideal é atacar a situação em duas frentes. Em primeiro lugar, deve-se tentar reduzir o máximo possível o valor financiado. Isso significa juntar dinheiro para dar uma entrada generosa. Quanto maior a entrada, menor será o impacto dos juros", diz o especialista. "A segunda frente é sinalizar ao mercado que o interessado é um bom pagador. Isso se traduz em um Score maior, o que diminui o risco do financiamento", conclui.
Para poder dar uma boa entrada, o segredo é tentar juntar o máximo de dinheiro possível e ainda dar o carro atual no negócio. Assim, abate-se um bom valor e o saldo devedor no financiamento fica bem menor. Financeiramente falando, a diferença é sensível. Um exemplo simples ajuda a constatar o fato. Um carro de R$50 mil, financiado inteiramente a um custo de 1,5% ao mês, em 60 meses, ou seja, 5 anos, terminará custando R$ 76.178,76, isto é, terá um acréscimo de R$ 26.178,76 de juros.
Em compensação, para um financiamento do mesmo carro, com o mesmo prazo, com a mesma taxa de juros, mas com uma entrada de R$ 25.000 terminará custando R$ 38.090,14, sendo que R$13.090,14 será o valor de juros do negócio.
"Ao mesmo tempo, caso o comprador tenha um bom Score e consiga negociar uma taxa de juros mais baixa, ele pode baratear ainda mais o financiamento", revela o especialista da NoxCar.
Por exemplo, caso a taxa dos juros seja de 1%, com uma entrada de R$ 25.000, o comprador pagaria apenas R$ 33.366,67 no fim do financiamento, sendo que o valor dos juros seria de R$ 8.366,67.
"Isso mostra a importância de agir de forma estratégica e atuar nas duas frentes: no valor da entrada e na diminuição da taxa de juros. No exemplo, deu para reduzir os juros de R$ 26.178,76 para apenas R$ 8.366,67 usando a estratégia", diz o especialista da NoxCar.
Além dessa medida, é importante que o comprador calcule o valor da prestação do financiamento para garantir que não terá problemas para arcar com o financiamento. "Se o comprador não conseguir pagar o financiamento, corre o risco de perder o veículo. Atualmente, as financeiras costumam não perder tempo na recuperação judicial do automóvel. Por isso, é bom se planejar para lidar com a questão", alerta o especialista.
O recomendado é que o valor da parcela do empréstimo não seja superior a 30% da renda mensal do comprador. No exemplo acima, o financiamento de um carro de R$ 50.000, com R$ 8.366,67 de juros, as parcelas mensais seriam de R$ 556,11. Isso significa que o comprador teria de ganhar, no mínimo, R$1.853,70 para poder pagar o financiamento. No entanto, no primeiro exemplo, com taxa de 1,50% e sem entrada, a parcela seria de R$ 1.269,65. Nesse caso, o comprador precisaria de uma renda maior, ou seja, no valor de R$ 4.232,17.
"Financiar um veículo usado ou seminovo não é um problema, desde que se saiba como calcular os juros, as parcelas mensais e lidar, de forma estratégica, com essa questão. Dessa forma, o comprador faz a dívida de maneira consciente, compra o seu automóvel seminovo confortavelmente e não terá problemas para lidar com as parcelas", conclui o especialista da NoxCar.