23/05/2023 às 16h23min - Atualizada em 24/05/2023 às 00h02min
Músicos apresentam ‘caminho sinuoso’ da autogestão artística durante FestMAO
SALA DA NOTÍCIA Verbo Nostro
A terceira noite de programação da 2ª edição do FestMAO (Festival de Música e Arte de Ribeirão Preto) iniciou com um bate-papo sobre autogestão de carreira musical e os desafios do meio. Para conversar sobre esse tema, de forma on-line, a cantora Fernanda Marx e o vocalista Fred Sunwalk estiveram presentes, mediados pela produtora cultural Vandreza Freiria. A atividade fez parte da Mostra Redes & Encontros, realizada no Sesc Ribeirão.
Com mais de 20 anos de carreira e diversos desafios superados, ambos começaram a conversa relembrando como se envolveram com a música, já deixando claro que, mesmo com excelência no assunto, não nasceram com o interesse pela música, o que, aos poucos, foi mudando com o tempo. “Não acordei cantora, mas acordei cantando. A música sempre foi muito presente na minha casa, mas sempre quis mais ser jornalista do que cantora. O cantar estava no lazer”, lembrou Fernanda. Foram as pessoas que conviviam com a artista que insistiram para ela começar a seguir o caminho da música. Foi aos 26 anos e, depois de participar de alguns shows em bares e casas noturnas, que a jornalista decidiu pela carreira de cantora.
Com Fred a história não foi diferente. A família também foi o principal elo entre ele e a música. Mais pela figura do pai, que sempre ouvia as canções de Rolling Stones e derramava lágrimas. “Ele me ensinou uma profundidade da música, que ela era sagrada, importante e que mexe com os sentimentos”, contou. Foi na adolescência que a paixão pela guitarra aflorou e o fez ir atrás para aprender a tocar o instrumento. “A decisão de ser músico foi a partir da minha primeira apresentação ao vivo - que foi um desastre - mas houve uma troca de energia com o público. Decidi que era isso que eu queria”, relembrou Fred.
Mesmo sabendo de todos os ‘perrengues’ que encontraria no meio do caminho, Fernanda manteve a decisão de ingressar na carreira musical. “Se você quer fazer algo correto, legal e que vá fazer a diferença, você vai ter que trilhar um caminho que nunca é cartesiano. Tem os trajetos que vai percorrer, mas normalmente muda”, explicou a cantora. No fundo, ela sempre soube que quando iniciasse o caminho, iria segui-lo, mesmo com as eventuais mudanças. “São várias situações que você vai aprendendo ao longo do caminho. É muito mais sobre o artista ver o que não quer mais, porque começamos com um objetivo, mas ao longo do trajeto vemos que não era bem isso”, engatou Fred.
Como principal conselho para o seu “eu” mais novo, e para quem planeja ingressar na música, o guitarrista contou que mergulhou no estudo sobre o business da área. “Eu me dediquei muito a tocar guitarra e não me atentei ao que é o mercado musical, de como vender meu produto? Levei anos para pensar nisso”, contou. E recomendou: quem quer ser músico deve aprender também sobre a área de negócios, para que se torne seu próprio empresário. “Mesmo que, com o tempo, seja necessário ter uma equipe para auxiliar no gerenciamento da carreira”. Fred relembrou que fez parte de uma agência nos EUA, que vendia seus shows lá. “Por isso consegui fazer mais de 200 apresentações em um ano. Sozinho não conseguiria”, recomendou Fred.
Fernanda acrescentou mais um tópico na sua abordagem: a flexibilidade. Segundo ela, mesmo que o músico tenha um objetivo definido, acabam surgindo outras questões pelo caminho e as coisas mudam. “É muito legal quando o objetivo muda, porque, às vezes, atrás daquilo que você enxergava, existe algo muito mais interessante e que você pode alcançar também”, acrescentou.
O autogerenciamento de carreira não era um pensamento comum na época em que Fernanda e Fred começaram seus passos. Hoje, com a internet, é um dos assuntos mais falados e procurados pelos artistas. “A rede te leva a novos públicos e pode te levar a fazer novos shows, mas o artista tem que utilizar a seu favor. Eu ainda estou aprendendo”, confessou Fred. “Eu sou da comunicação, mas tenho ajuda para cuidar das minhas redes. Elas são nossas aliadas, tendo cuidado para não sermos escravos dela. A assessoria de imprensa está também atrelada a isso. É imprescindível que o artista tenha noção disso e procure aprender ou contrate uma equipe para trabalhar com isso”, completou Fernanda.
O bate-papo completo está disponível no canal no YouTube do FesMAO, no link: https://www.youtube.com/watch?v=oaxO6S3dbns.
A roda de conversa fez parte da Mostra Redes & Encontros do festival, realizada em parceria com o Sesc, que reúne, ainda, a atividade a Vivência (presencial) “Hip-hop: cultura em movimento e vivência na prática” | com Leser MC, no auditório do SESC, neste sábado (20), das 14h às 15h30.
Além da Mostra Redes e Encontros, o público participa de mais três mostras: Integração e Palco Livre (Biblioteca Sinhá Junqueira), Mostra Gerações com shows no Teatro Sesi e a Mostra Autoral no sábado (20) e domingo (21), no Armazém Baixada. A programação completa está no site do FestMAO https://festmao.com.br/ e nas redes sociais. (Veja também a agenda das próximas atrações no Serviço abaixo.)
Canais do FestMAO
Instagram: https://www.instagram.com/fest.mao/
Facebook: https://www.facebook.com/fest.mao
YouTube: https://www.youtube.com/@PalcoFestMAO
Sobre o FestMAO
O FestMAO tem como propósito celebrar a diversidade da música brasileira. Em 2021, aconteceu a primeira edição do festival, de forma totalmente on-line, promovendo uma experiência inovadora e de alta qualidade. A organização do evento busca despertar o diálogo entre diferentes formas de expressão artística e valorizar a produção da música autoral. Para esta 2ª edição, o compromisso é valorizar o artista local e, ao mesmo tempo, expandir fronteiras culturais.
Esta edição do festival foi contemplada pelo ProAC (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo), com realização do Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. A produção é da Trajan Produções e Capacle Produções e conta com as parcerias institucionais do Sesc, Sesi e Biblioteca Sinhá Junqueira.