28/04/2023 às 16h51min - Atualizada em 30/04/2023 às 00h01min

Quando a escrita com Inteligência Artificial pode ser benéfica para a educação?

A preocupação com o uso do ChatGPT e outras tecnologias de automação tem colocado o setor educacional em alerta, principalmente pela crescente sofisticação dos resultados.

SALA DA NOTÍCIA Edson Oliveira

O ano de 2023 começou com uma grande premissa: o crescimento e a expansão da Inteligência Artificial. E podemos afirmar que o ChatGPT tornou-se protagonista de manchetes e publicações nos mais diversos meios de comunicação a nível nacional, mas também uma grande dor de cabeça para professores e instituições de ensino. 

 

Em resumo, o ChatGPT se trata de um algoritmo baseado em Inteligência Artificial, criado nos EUA, no Vale do Silício. Capaz de escrever ensaios, traduzir conteúdos e resolver problemas de ciências e matemática, alunos já fazem uso desta ferramenta para entregar tarefas escolares e universitárias. A pergunta que fica é, será que essa ferramenta é realmente uma ameaça para a educação dos jovens estudantes?

 

De acordo com Eric Wang, vice-presidente de Inteligência Artificial da Turnitin — empresa global dedicada a garantir a integridade na educação e melhorar os resultados de aprendizagem — as tarefas de redação produzidas pelo ChatGPT devem ser facilmente identificáveis pelos professores. “O software de escrita de IA comete muitos erros factuais e seu modelo linguístico tende a gerar sentenças lineares e escolher palavras amplas e óbvias, ao invés de um vocabulário mais restrito que um aluno selecionaria. Isso cria sinais que podem ser identificados por meio das soluções oferecidas pela Turnitin”, explica.

 

Se engana quem pensa que esse tipo de IA pode ser uma ameaça na educação dos estudantes. Apesar dessa tecnologia estar se desenvolvendo de forma extremamente rápida, Cesar Barretto, executivo de contas da Turnitin Brasil, afirma que há mais de dois anos a empresa já estuda e investiga o alcance que a inteligência artificial terá na educação.

 

"A IA faz parte do DNA da Turnitin e a integramos em nossas soluções desde 2015. Acreditamos que ela pode ser uma força positiva e que o acesso às ferramentas é algo vital. Quando usada de forma responsável tem potencial para apoiar e aprimorar o processo de aprendizado. No entanto, reconhecemos que há uma necessidade urgente em relação aos educadores identificarem quando e onde os alunos usaram os dispositivos de escrita com essa tecnologia."

 

Mais do que questionar o caráter positivo ou negativo da IA na educação, o executivo sugere que até mesmo plataformas como o ChatGPT podem ser utilizadas em aspecto formativo. Barretto afirma ainda que, “dado o constante aparecimento deste tipo de tecnologia com crescente sofisticação, não é aconselhável agir de forma proibitiva, mas sim, usar esses recursos como uma ferramenta de treinamento”. Com base nisso, o executivo listou abaixo algumas dicas que poderão ajudar os professores na relação com os estudantes.

 
  1. Conversar com os alunos sobre essas tecnologias: o ChatGPT não é uma IA qualquer. Trata-se de uma tecnologia sofisticada e robusta, portanto, sua existência não pode ser negada. Definir a forma de uso dessa plataforma entre os alunos é fundamental para evitar problemas futuros. “Perguntar se os estudantes já usaram, como acham que funciona, o que mais gostaram na experiência e falar sobre o que é permitido na aula em relação ao uso de ferramentas baseadas em IA, ajuda a lançar as bases de confiança no grupo”, comenta Cesar Barretto.

 
  1. Incorporar esses softwares nas aulas: como essa ferramenta pode ser utilizada para o ensino? “É melhor que todos os membros da comunidade educativa já pudessem se familiarizar com essas tecnologias para entender os usos inadequados. É fundamental estimular nos alunos o desenvolvimento de habilidades originais de pensamento e escrita para que possam praticar nessas plataformas e considerar algumas sugestões da ferramenta. No entanto, é necessário definir um código de uso permitido com antecedência”, sugere.

 
  1. Realizar em conjunto um código ou protocolo de Integridade Acadêmica: é necessário que todos os participantes da sala de aula construam um protocolo que garanta a cultura de Integridade Acadêmica e que este seja respeitado. Se as regras forem claras, o próximo passo é incentivar o envolvimento do aluno com as boas práticas.

 
  1. Apoiar-se na tecnologia educacional apropriada: atualmente, existem muitas tecnologias educacionais que podem apoiar o processo de aprendizagem, portanto, decidir sobre uma pode ser complicado. Diante disso, Barretto recomenda avaliar as necessidades urgentes da instituição. “Confiar a proteção da Integridade Acadêmica a uma tecnologia é uma decisão importante, por isso, antes de tomá-la é fundamental analisar se as características de cada tecnologia, seus resultados e dados obtidos respondem às necessidades de cada instituição. O uso correto da tecnologia educacional pode ajudar a melhorar consideravelmente os resultados dos alunos”.

 

A Integridade Acadêmica tem sido historicamente apoiada pela tecnologia, mas também é testada pelas mesmas ferramentas. É hora das instituições educacionais se prepararem para os novos recursos que apresentam um impacto direto no futuro da educação.


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