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O Peso das Perspectivas e o Silêncio das Decepções

Há algo de profundamente humano em acreditar nas pessoas. Criar perspectivas sobre elas é, de certa forma, enxergar além do que está diante dos olhos — é imaginar o que poderia ser, o que talvez nunca venha a ser. Fazemos isso na vida pessoal, no trabalho, na política, e em cada relação que nasce da confiança. Mas o perigo mora justamente aí: quando projetamos algo que só existe em nós, e não no outro.

Na política, por exemplo, é comum ver pessoas depositarem esperanças, acreditarem em discursos, confiarem em gestos que parecem sinceros. E quando a realidade vem — fria, direta, sem floreios — a dor não vem apenas da quebra da promessa, mas do colapso da imagem que criamos. É o mesmo na vida. A decepção raramente é causada pelo ato em si, mas pelo contraste entre o que esperávamos e o que realmente recebemos.

A verdade é que quando criamos perspectivas sobre alguém, colocamos um pedaço do nosso afeto no que idealizamos. Por isso, quando tudo desaba, parece que algo dentro de nós desaba junto. É um tipo de silêncio que grita, de ausência que pesa mais do que a presença jamais pesou.

E ainda assim, seguimos acreditando. Seguimos tentando ver o melhor nas pessoas, mesmo sabendo do risco. Talvez porque acreditar seja um ato de coragem — e se decepcionar, um lembrete de que o coração, por mais machucado que esteja, ainda é capaz de sentir.

Afinal, na vida e na política, as traições nem sempre são explícitas. Às vezes, são sutis, disfarçadas de escolhas, de desculpas, de “não era bem assim”. O que muda é o cenário, mas a dor… essa é sempre íntima, profunda e silenciosa.

Mas quem sente, sobrevive. E quem sobrevive, aprende. Aprende que nem toda promessa é palavra, nem todo olhar é verdade, e que algumas perspectivas precisam ser criadas em nós mesmos — e não nos outros.

Danyell Braga

Danyell Braga

Advogado e professor

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