Desde 2011, visando entender a realidade do empreendedorismo nas universidades brasileiras, Endeavor Brasil e SEBRAE realizam estudo sobre este tema. Em 2016, a pesquisa identificou alguns desafios e apontou caminhos a serem trilhados. O estudo apresenta que é necessário estabelecer estratégias para multiplicar o número de universitários que criam empresas inovadoras e transformam os setores em que atuam. Esta pesquisa contou com a participação de 2230 alunos e 680 professores pertencentes a mais de 70 instituições de ensino superior de todas as regiões do país. São vários pontos que merecem destaque e podem servir para estabelecer novas abordagens nas universidades brasileiras sobre esta importante linha de ação.
Um dos resultados identifica um evidente descompasso entre as impressões de professores e estudantes quanto à preparação dada para empreender, pois enquanto 65% dos professores estão satisfeitos com iniciativas de empreendedorismo dentro da universidade, a média de satisfação entre alunos é de 36%. Neste ponto, o relatório aponta que as universidades não estão atendendo às necessidades dos alunos. Além disto, o estudo destaca que os estudantes não veem o professor como ponto de apoio: cerca de metade dos empreendedores universitários não conversam sobre seu negócio com o professor ou com outros profissionais da sua universidade.
Clara vontade do universitário em empreender
A pesquisa relata que 6% dos universitários brasileiros já são empreendedores e outros 21% pretendem empreender no futuro. Apesar da universidade ter certa influência em fomentar o empreendedorismo, visto que 57% dos estudantes apontaram que professores, curso, universidade e entidades estudantis foram relevantes para despertar este desejo, a maior fonte de motivação é externa, já que 72% dos entrevistados concordaram que família, amigos, internet e livros foram essenciais como inspiração.
Necessidade de maior maturação para empreender
O relatório destaca a pergunta “em quanto tempo pretendem abrir um negócio?” mostrando que cerca de 12% dos estudantes entrevistados responderam que isso acontecerá em até três anos. Neste ponto, a pesquisa referencia outro estudo, conduzido pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM) em 2015 com brasileiros adultos em geral, onde a mesma resposta foi dada por 24% da população, portanto o dobro do público universitário. Neste aspecto, ressalta-se a necessidade de uma maior maturação do universitário para empreender, o que é natural considerando que os universitários são, em sua maioria, jovens que passam por uma fase de capacitação técnica e formação pessoal.
TCC como estratégia para empreender
A necessidade de maior maturação destacada acima se alinha com a exposição do estudante a uma vasta gama de conhecimento durante sua formação, o que vai lhe conferindo um perfil profissional, também função de atividades extracurriculares realizadas ao longo do curso.
Em complemento, já é uma realidade a criação de startups em torno de universidades e centros de pesquisa. Por exemplo, o relatório divulgado pelo Bradesco BBI, em fevereiro de 2019, aponta que Florianópolis vem se destacando no mundo dos negócios e recebe o título de Vale do Silício brasileira. Para ilustrar, o estado de Santa Catarina representa 3% da população brasileira, mas possui 20% das startups do país, como comparação São Paulo tem 28%. Por suas características naturais, que a limitam de ter “indústrias tradicionais” tipicamente representadas pelas “chaminés”, a ilha de Florianópolis tem sua cultura empreendedora ligada à alta tecnologia, notadamente voltada à era digital. Várias destas startups nasceram como spinoffs de projetos de pesquisa desenvolvidos nas universidades da região. Embora esta realidade tenha sido criada ao longo dos anos por projetos de forte interação entre universidade e mercado, sobretudo focada na área de tecnologia, talvez seja possível escalar este efeito tendo como ponto de partida um elemento existente em praticamente todos cursos de graduação, a presença do TCC.
É com esta abordagem que o livro “Trabalho de Começo de Carreira- um guia coaching para decolar na carreira com seu TCC” propõe que o estudante, ainda na graduação, também encare seu trabalho de conclusão de curso como “a semente para algo maior”. O texto traz casos de estudantes que empreenderam a partir da graduação, orientações de especialista sobre como criar startup e apresenta potenciais fontes de investimento.
“Este livro serve como um guia e ao mesmo tempo como um grande instrumento motivacional aos alunos em termos de uma nova visão para com os seus trabalhos de conclusão de curso, sejam de graduação, sejam de pós-graduação, potencializando um melhor alinhamento dos resultados de um TCC com um viés empreendedor e, por que não dizer, com a filosofia de vida do aluno. Além de muito bem organizado e escrito, consegue transmitir de forma simples a experiência do professor sobre isso, portanto indo muito além de ser um checklist teórico de coisas. Não tenho a menor dúvida que um aluno será ´outro´ após ler esse livro.” Prof. Ricardo J. Rabelo, Depto de Automação e Sistemas, UFSC, Florianopolis, SC. Leia aqui outras avaliações do livro.
A obra é fundamentada em três pilares: a experiência de orientação do autor, sua formação e prática de coaching, e a pesquisa de referências internacionais. Além de oportunidade de empreender, o texto propõe que o TCC pode ser usado como: cartão de visitas nas entrevistas de emprego e um momento para explorar futuro mestrado.
Sobre autor: Jonny Carlos da Silva, professor titular de engenharia mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina, pós-doutorado junto à NASA, coach e palestrante.