06/03/2023 às 18h29min - Atualizada em 07/03/2023 às 00h38min
Bailarina de 60 anos mostra que não existe idade para realizar sonhos em sua página de Instagram
Através de sua página @balletaos60 movimenta pessoas de todas as idades a praticar ballet
SALA DA NOTÍCIA Deborah Goi
Bradart Comunicação
Divulgação Sem deixar que o etarismo tomasse conta de sua mente, Lu Fernandez, goiana do interior, moradora do bairro de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro, há mais de 31 anos, tomou uma atitude: fazer aulas de ballet, quando completou 60 anos. Ela que é empresária no segmento de vestuário para bailarinas, nutria este sonho desde muito tempo. Mas, com receio de ser julgada, o sonho foi deixado de lado. Toda vez que cogitava a ideia, um sentimento de vergonha, falta de coragem, a impedia, e com o tempo se passando, cada vez mais sentia receio de iniciar na dança, e fazer um papel ridículo diante da sociedade. Quando fez aniversário de 60 anos, em suas reflexões sobre a vida, decidiu dar um passo à frente neste sonho, já que agora tem um tempo livre para se dedicar à prática da dança. O ingresso a uma sala de ballet, fez tão bem que ela resolveu compartilhar com outras mulheres sobre os benefícios da dança e também sobre a importância de entender que o tempo de cada um é diferente, e não se deve rotular momento ideal para qualquer atividade. Lu conta que a idade não pode ser um limitador para a vida de ninguém, e tem conquistado diversos seguidores que se veem inspirados em sua atitude. Lu conta que fazer ballet aos 60 é maravilhoso, e ela sente uma emoção indescritível. “Claro, todos temos nossas limitações, e sinto o peso da idade ao fazer exercícios, mas, é incrível me ver rompendo meus limites. E, ainda mais com minha página de Instagram, só de saber que estou influenciando de alguma forma, é o que me dá ainda mais alegria de continuar”, conta. A bailarina ainda relata que acredita que a idade é um fato social. E, revela uma curiosidade que vem percebendo ao longo dos tempos, que na verdade o outro quem nos avisa que estamos “velhos”. Lu lembra de um momento que ainda não tinha caído a ficha que já estava mais velha, e como anda muito de metrô, foi percebendo isso, ao receber o lugar no assento do metrô de pessoas mais jovens. Outra lembrança da percepção da idade que ela tem lembrança é de sua sogra, que se referia a ela mesma como uma moça. Uma vez em um clube sozinha, ela contou para a Lu que estava percebendo várias pessoas a olhando, e ela imaginou que o olhar do grupo fosse algo como: “as pessoas devem estar pensando, o que essa moça tá fazendo ali sozinha”. Então, Lu entende que muitas vezes, não nos percebemos velhos. Até quando nos chamam de senhora, podemos nos chocar com a percepção do outro. Mas, mesmo com o etarismo apresentado pela sociedade, Lu celebra que, na dança, ela tem boa receptividade. Ana Botafogo, sua prima bastante próxima, ao saber, logo a incentivou, o que a deixou ainda mais motivada. “Ainda não passei nenhum tipo de preconceito, e me sinto feliz de receber o carinho e apoio de bailarinas jovens, que seguem meu perfil e fazem aulas comigo. Eu sempre procurava por turmas de pessoas mais velhas. Hoje começo a pensar diferente. Não temos que fazer uma segregação etária. O convívio plural é muito benéfico, tanto para os jovens, quanto para os mais velhos. Eu amo crianças, jovens, adolescentes e estar no meio deles, é maravilhoso”, diz, Lu tem muitos planos para sua página e pretende incentivar ainda mais mulheres maduras, a buscarem fazer tudo o que sonham, não importa a idade. Dentre as novidades, a bailarina está planejando um aulão do bem, que acontecerá no dia 11 de março, às 10h, no estúdio de dança Valorarte em Copacabana, com entrada de 1 alimento não perecível, que será doado a uma instituição cuidadora de idosos em situação de vulnerabilidade. Um outro projeto que ela deseja promover para mulheres maduras, sem condições financeiras, é o apoio com bolsas de estudo em escolas de ballet carioca, para ajudar muitas outras mulheres a realizarem este sonho. Instagram @balletaos60