19/10/2022 às 17h22min - Atualizada em 19/10/2022 às 17h22min

Extensão universitária em debate na XIV Mostra de Extensão UENF/UFF/IFF

Jornal Aurora - Redação
UENF
Como parte da programação da XIV Mostra de Extensão UENF/UFF/IFF e VI UFRRJ, iniciada na última terça-feira, 18/10/22, foi realizada na manhã desta quarta-feira, 19/10/22, a mesa-redonda “Pensando alto: a importância da inserção curricular da extensão para a formação profissional”. A palestra contou com a participação, como debatedoras, das professoras Olgamir Amancia (UnB) e Ivana Bentes (Pró reitora de Extensão da UFRJ). O mediador foi o pró-reitor de Extensão da UENF, Olney Vieira da Motta.

A professora Olgamir disse que discutir a extensão universitária, em síntese, significa discutir a própria concepção de universidade. Citando Karl Marx, ela questionou o tipo de formação que é dado nas instituições de ensino, muito mais voltado para a formação profissional do que humana. Segundo afirmou, a formação deve ter por objetivo a integralidade do indivíduo e não apenas o aspecto profissional.

“Nosso grande desafio é formar pessoas, seres humanos, para que eles se tornem cada vez mais humanos, especialmente nesse contexto em que nós vivemos, de tantas adversidades, de tanta negação da nossa condição de seres humanos com a nossa complexidade, numa sociedade que tenta o tempo todo nos reduzir a isso ou aquilo e que não reconhece a diversidade”, disse.

Segundo Olgamir, nas universidades em geral ocorre um processo de fragmentação e especialização do conhecimento levado ao extremo. “Isso interessa ao setor produtivo, porque impede que as pessoas compreendam o processo de produção do conhecimento e, portanto, o processo de produção social do trabalho. Nós continuamos com uma formação muito voltada para essa especialização, onde os indivíduos saem com uma formação técnica das mais arrojadas mas não entendem o seu lugar, sua história”, afirmou.

“É nesse contexto que entra a concepção de extensão. É ela que vai dar um sentido e um significado ao saber. É ela que vai fazer essa articulação entre o trabalho intelectual e material, quem vai reconhecer que a instituição de ensino não é o único espaço do saber, que existem outros espaços que produzem conhecimento. É na extensão universitária que isso vai se materializar. A formação integral do sujeito é a base da concepção de extensão que nos defendemos”, disse.

A professora Ivana citou Michel Foucault, afirmando que o modelo de produção da matriz do conhecimento ainda responde ao modelo disciplinar da fábrica fordista. “Este modelo trabalha justamente com essa fragmentação do conhecimento, como se a produção do conhecimento fosse uma linha de montagem. Foucault faz uma analogia das universidades com a fábrica, o hospital e a prisão. Ou seja, um modelo disciplinar que massifica, que pensa o estudante dentro dessa linha de montagem”, afirmou.

Segundo ela, neste modelo fordista, “a apresentação dos conteúdos é feita de modo linear, o professor é entendido como uma fonte de informações escassas e privilegiadas, o guardião do que é ou não conhecimento, e o o aluno é visto como um consumidor, que está numa relação de consumo de um conhecimento já prévio e dado”.

Segundo Ivana, não é à toa que os conteúdos são divididos em “disciplinas”. “Temos uma estrutura que ainda é muito rígida no currículo, na qual o estudante não pode construir o percurso formativo singularizado”, disse. Ela citou a experiência de bacharelados transdisciplinares da Universidade Federal da Bahia (UFBA), como uma tentativa bem sucedida de mudar esta realidade.

“Estão sendo criados currículos nos quais essa relação com os diversos campos da produção do conhecimento já não se dá de uma maneira hiperespecializada. Estão construindo uma base comum que depois pode derivar em especializações, mas que têm essa primeira formação humanista, interdisciplinar, dialógica, do encontro de saberes. E esse é o modelo da extensão. A meu ver, isso já é um impacto de algumas experiências de extensão no próprio pensamento do currículo”, disse.

A XIV Mostra de Extensão UENF/UFF/IFF e VI UFRRJ se estende até sexta-feira, com palestras, apresentação de banners, sessões de apresentação oral de trabalhos e programação cultural.

Veja a mesa-redonda desta quarta-feira no Canal UENF TV do Youtube.

Saiba mais sobre a Mostra de Extensão no Site do Evento e AQUI.

 

Programação

Quarta-feira, 19/10

8h – Apresentação de Banners

10h30 – Palestra: “Pensando alto: a importância da inserção curricular da extensão para a formação profissional” (Ivana Bentes, UFRJ)

14h – Sessão de Apresentação Oral

16h – Mostra de Cinema Fernando Segtowick

Quinta-feira, 20/10

8h – Apresentação de Banners

10h30 – Palestra: “Darcy e a defesa da ciência nacional” (Fabrício Monteiro Neves, doutor em Sociologia)

14h – Sessão de Apresentação Oral

16h – Mostra de Cinema Fernando Segtowick

 

Sexta-feira, 21/10

10h – Palestra: “Contribuições dos saberes ancestrais indígenas na formação da sociedade brasileira” (Márcia Wayna Kambeba, geógrafa e ativista indígena)

16h – Cerimônia de Encerramento

16h30 – Apresentação Cultural

17h – Cerimônia de Premiação


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