12/06/2019 às 11h42min - Atualizada em 12/06/2019 às 11h42min

Audiência sobre cotas raciais na UERJ acaba em socos

O ato de violência aconteceu entre deputado e estudantes

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Reprodução
Uma audiência pública sobre cotas raciais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro realizada nesta segunda-feira (10)nas dependências da faculdade terminou em confusão entre parlamentares e estudantes. O evento tinha participação conjunta das Comissões de Ciência e Tecnologia, Educação, Direitos Humanos, de Combate às Discriminações e Especial da Juventude da Alerj.

Na saída o deputado estadual Alexandre Knoploch (PSL) foi flagrado pela Rede TVT, com imagens exclusivas, dando um soco em um homem que seria estudante. Nas imagens também é possível ver um segurança armado.

Por nota, Knoploch afirma que, ao lado de Rodrigo Amorim, tentou "de todas as formas um debate saudável" e que além de agressões verbais foi, ao fim, "cercado e agredido fisicamente":
— Só conseguimos ir embora com o auxílio de nossos seguranças e policiais militares que estavam na Uerj. Repudio toda e qualquer forma de agressão e antidemocracia.

Pelas redes sociais, a deputada Renata Souza (PSOL) chamou os parlamentares de racistas e se posicionou a favor do atual sistema de cotas raciais.
"Hoje é dia de fazer a casa grande estremecer. Os racistas estão na Uerj gritando e batendo na mesa. Podem gritar. Atura ou surta. A Universidade pública é do povo e as cotas raciais ficam. #CotaSim #UerjResiste", escreveu.

Bate-boca
O bate-boca teve início quando o parlamentar Rodrigo Amorim (PSL) solicitou que tocassem o hino nacional para o início das discussões. O deputado Waldeck Carneiro (PT) então pediu a palavra e afirmou que a obrigatoriedade do hino se dá apenas em sessões solenes.
Outro momento de discussão se deu quando Amorim tentou pegar o microfone das mãos de uma professora que falava no momento. A ação gerou revolta dos estudantes, que xingaram os parlamentares do PSL.
"O segurança visto no vídeo da TVT levando a mão à cintura, é, com efeito, integrante do gabinete do deputado estadual Rodrigo Amorim e tem autorização para portar arma", explica a assessoria de imprensa de Amorim.

O deputado afirmou lamentar as "ameaças, ataques e agressões sofridas por duas assessoras" e confirma que irá requerer, junto com o deputado Knoploch, a anulação de toda a audiência realizada na Capela Ecumênica da UERJ.
— (O segurança) Demonstrou perícia e prudência, preservando a integridade física daqueles que ele precisava proteger e ao mesmo tempo segurando a arma, evitando que a mesma fosse tomada por algum dos manifestantes, todos furiosos e dispostos a agredir fisicamente quem quer que se opusesse a eles — comenta Amorim sobre a confusão.

Quebra de decoro
As cinco comissões que compunham a audiência preparam nota conjunta em que o teor será de rejeição a uma "lógica de violência" na Alerj. Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, o deputado Waldeck Carneiro (PT) criticou a ação dos colegas de Casa Legislativa.
— É inaceitável que deputados pretendam impor o ponto de vista na força, ou inconformados com eventuais preterimentos queiram inviabilizar uma determinada atividade. Ali se sabia, ninguém é idiota, que o auditório era maciçamente constituído de estudantes que defendem o sistema de cotas. Os deputados foram lá com todo o direito, frente a diversidade e podiam fazer a defesa da argumentação. Mas me pareceu que foram para provocar confusão e inviabilizar a própria audiência pública — comenta Carneiro.

Na nota os parlamentares pretendem provocar o presidente da Casa, André Ceciliano (PT), para que a Corregedoria seja acionada. Segundo Carneiro, há elementos materiais de quebra de decoro parlamentar.
Em assembleia realizada na terça-feira os professores da Uerj soltaram uma moção de repúdio à confusão. Em nota, afirmam que os deputados do PSL solicitaram auxílio da Polícia Militar "sem autorização da Reitoria da Uerj" e colocaram "em risco a comunidade universitária ali presente, na sua maioria estudantes."

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