Depois de leiloar US$ 26,9 bilhões das reservas internacionais nos últimos meses, o Banco Central (BC) venderá mais US$ 11,3 bilhões no mercado à vista em novembro. O anúncio foi feito hoje (24) pela autoridade monetária após o fechamento dos mercados.
O dinheiro será usado para rolar (renovar) contratos de swap cambial tradicional (venda de dólares no mercado futuro) que vencem em janeiro. A venda direta de dólares das reservas representa um novo modelo de intervenção cambial com reflexos na política fiscal, ao reduzir os juros da dívida pública e ajudar a segurar o endividamento do governo em momentos de dólar alto.
Um dos principais instrumentos do país contra choques externos na economia, as reservas internacionais estão atualmente em US$ 371,3 bilhões. No fim de agosto, quando o governo adotou a nova política, as reservas estavam em US$ 388 bilhões.
Compradores comuns não podem adquirir dólares das reservas internacionais. Esse tipo de operação está restrita a dealers – grandes bancos e corretoras autorizados pelo BC para atender à demanda de dólares por grandes empresas e outras instituições financeiras.
Até o fim de agosto, em momentos de alta da moeda norte-americana, a autoridade monetária leiloava contratos de swap cambial tradicional, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. Feitas em reais, essas operações não afetam as reservas internacionais, mas têm impacto na posição cambial do BC e aumentam os juros da dívida pública.
Agora, o BC atua de maneira diferente. Venderá dólares no mercado à vista e, ao mesmo tempo, comprará o mesmo valor em contratos de swap cambial reverso, que funcionam como compra de divisa no mercado futuro. Caso a demanda por dólares à vista fique abaixo desse valor, a autoridade monetária completará a operação com contratos de swap tradicional.
Ao justificar a medida, o BC explicou que os swaps cambiais tradicionais são demandados por investidores que querem se proteger da volatilidade no câmbio, mas que uma parte do mercado está demandando dólares à vista por causa da situação econômica. A nova política tem consequências fiscais porque, ao vender menos swaps tradicionais e mais dólares das reservas externas, o governo paga menos juros da dívida pública federal.
Hoje, o dólar comercial fechou o dia vendido a R$ 4,045, com pequena alta de 0,3%. Depois de cair nos últimos dois dias em meio à aprovação em segundo turno da reforma da Previdência no Senado e ao alívio nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, a moeda norte-americana interrompeu a queda, num movimento de correção.