02/09/2019 às 14h23min - Atualizada em 03/09/2019 às 09h13min

Crescimento em pedidos de recuperação judicial e falências indicam risco crescente para a economia brasileira

A análise dos números estatísticos da Serasa Experian mostram que há risco de explosão de uma “bolha” na economia, se as mudanças esperadas não se concretizarem dentro dos prazos

DINO
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Reprodução

As estatísticas divulgadas pela Serasa Experian sobre o comportamento do mercado estão mostrando o crescimento dos pedidos de recuperação judicial e de falências de empresas. E indicam o risco de que este cenário pode levar a explosão de uma “bolha” na economia, se as mudanças esperadas não se concretizarem dentro dos prazos previstos. Esta é a análise do advogado Thierry Phillipe Souto, especialista em recuperação judicial de empresas.

O advogado identifica dois ciclos econômicos, que marcaram este ano de 2019: “O primeiro, que durou até junho, foi de grande expectativa, criada pelo governo, com a mudança da política econômica. E agora a economia está em um segundo ciclo, de expectativa com a aprovação da reforma da previdência, até aqui tumultuada por muitas polêmicas”.

Thierry Phillipe Souto reconhece uma modesta melhora na economia, mas alerta para os últimos dados, relativos à situação das empresas: “Os pedidos de recuperação judicial trazem sinais preocupantes. Os números de maio e junho, no final do primeiro ciclo do ano deste governo, já indicavam o crescimento dos pedidos de recuperação judicial. Na média, as empresas conseguiram sobreviver durante o primeiro semestre, à espera da melhora na economia, mas muitas delas acabaram ficando pelo caminho.  E isto é indicado pelo aumento do número de pedidos de recuperações judiciais. E também na variação anual, conforme é informado pela Serasa, com um aumento de 45,5%” nos casos, cita o advogado. Este aumento dos pedidos de recuperações judiciais na Justiça seriam efeitos diretos do primeiro ciclo econômico deste ano.

Thierry Phillipe Souto explica que a recuperação judicial é uma medida preventiva bastante comum, usada por empresários para se manter no negócio, barrar cobranças e reorganizar as suas dívidas. Muitos destes empresários, já antevendo o pior cenário, se adiantaram, para ficarem mais fortalecidos durante a crise.

Outro fenômeno preocupante, percebido nos números, é a formação do chamado “efeito bolha”, acrescenta o advogado: “Este efeito começou a crescer vagarosamente, quase imperceptível, desde o início do ano. E teve desdobramentos nas empresas no final do primeiro semestre, quando terminou a capacidade de resistência de muitos empresários. Já os demais, que ainda têm fôlego, seguem resistindo de qualquer maneira em um cenário incerto aguardando a reforma da previdência”.  

O advogado Thierry Phillipe Souto observa que o segundo semestre agora está revelando o crescimento de uma “bolha”, ainda pouco percebida, onde empresários estão usando as suas últimas possibilidades de caixa para manter os negócios em funcionamento. E este esforço só é estimulado pela expectativa da reforma da previdência, que promete trazer a recuperação da economia brasileira.

Ele finaliza analisando que esta crise mudou os hábitos do empresariado. Além deles aumentarem o controle de gestão de gastos, reduzirem pessoal, encolherem as suas atividades e renegociarem dívidas, agora também acompanham cada novo fato do cenário nacional, atentos às notícias e análises, para reverem o seu planejamento a cada instante: “O risco vai aumentar se o debate sobre a reforma tiver retrocessos, com a aprovação de um modelo incompleto e desidratado. Neste cenário, a “bolha” em formação pode se romper até o final deste ano. E o quadro poderá ser muito preocupante, com a agravamento da recessão, mais portas fechadas e uma séria crise econômica e social", finaliza.


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