De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), falhas na gestão de estoque são uma das principais causas de perdas no faturamento do comércio varejista, somando prejuízos que já chegaram à casa dos R$ 7 bilhões anuais no setor.
Conforme pesquisa conduzida pela entidade, mais de 60% das empresas do ramo no Brasil investem ou têm intenção de investir em recursos para evitar tais perdas. O dado, que indica a criticidade do controle de estoque para a estratégia de negócios, pode valer tanto para o varejo, quanto para a indústria, visto que a conduta de gestão impacta diretamente nos processos internos de produção e comercialização para ambas as verticais.
A avaliação é de Pedro Henrique Schmitt, analista de Business Intelligence da BIMachine, empresa especializada em Business Intelligence e Business Analytics. "Pode-se dizer que o giro de estoque é o termômetro que demonstra a oscilação dos produtos de acordo com as movimentações internas e comerciais", analisa.
Segundo o especialista, é preciso levar em consideração que a obtenção dos produtos ou da matéria-prima depende, em sua maioria, de questões externas, como disponibilidade do fornecedor, negociações comerciais e logística de entrega. Além disso, existe a possibilidade de mapeamento dos fatores externos e adição dos mesmos às visões de tecnologias de BI, uma vez que os dados são multidirecionais, provindos de diversas fontes.
Desta forma, conforme Schmitt, não se faz necessário contatar o fornecedor solicitando informações de entrega, nem realizar diversos alinhamentos internos, pois a informação centralizada em sistemas de BI possibilita agendamentos que garantem às equipes comerciais evitar rupturas e assegurarem a entrega de produtos ao cliente final dentro dos prazos estipulados.
O especialista lembra que o cálculo utilizado para mensurar a compra varia de acordo com cada ramo de atuação, porém, alguns fatores são pautados com frequência no momento de calcular a demanda necessária ao realizar o pedido de compra, como a capacidade de produção e estocagem, potencial de vendas e o gerenciamento de riscos e variáveis.
"A evolução da informatização está contribuindo com a melhoria do processo de compra. Um exemplo é a criação de indicadores que facilitam o controle interno e auxiliam os compradores no momento de realizar o pedido", ressalta Schmitt.
Dentre as metodologias utilizadas, entram em campo os indicadores de estoque, que podem ser divididos em três níveis: Mínimo, Ideal e Máximo.
Cada um obedece faixas de quantidade de produtos, que, quando alinhadas a um período temporal e um cálculo estratégico, determinam a quantidade exata de produtos a serem adquiridos, garantido a quantidade mínima de operação, evitando superlotação do depósito e garantindo equilíbrio financeiro (pilar importante no momento da organização).
"Portanto, o esforço realizado para controlar o estoque já está apto para ser otimizado, alinhando compra, manutenção de estoque e venda", afirma o profissional. "Esta é a grande sacada que as informações trazem aos gestores: tomada de decisão baseando-se em múltiplas informações confiáveis. Isso é inteligência de negócio", finaliza Schmitt.