O acordo Mercosul e União Europeia - um tratado que prevê a eliminação de barreiras protecionistas entre os dois blocos econômicos - certamente trará benefícios significativos para o Brasil. Este fato deve provocar redução de custos de importação e maior inserção de tecnologia no mercado nacional. Estamos diante, portanto, de um dos maiores acordos entre blocos da atualidade, que envolve cerca de 25% do PIB global, impactando o mercado de 780 milhões de pessoas.
Inicialmente, o mercado de commodities é o grande favorecido. No entanto, outros setores produtivos podem ser beneficiados ao longo dos anos com a redução gradativa das tarifas. O acordo apresentado até o momento visa a eliminação da tarifa de importação para mais de 90 produtos comercializados entre os dois blocos e os produtos que não terão as tarifas zeradas terão cotas preferenciais com tarifa reduzida.
Como consequência, haverá um desenvolvimento do mercado consumidor brasileiro para as tecnologias de maquinário, bem como engenharia de produção para o desenvolvimento de novos equipamentos. Em contrapartida, a União Europeia terá acesso ao setor forte do Brasil, que é o agronegócio.
O segmento de bens de consumo, como no caso de alimentos e bebidas, também poderão ser beneficiado nesse acordo. Um exemplo disso seria o mercado do vinho. Se aprovada uma redução nas tarifas, a bebida chegará mais competitiva por aqui. Hoje 70% do valor do produto brasileiro é imposto e isso vai forçar o mercado interno a regular os valores.
As alterações serão gradativas e não imediatas. A desgravação tarifária (ou seja, quanto tempo vai levar para a tarifa ser reduzida a zero) dos produtos de exportações do Mercosul também seguirá um ritmo diferente, dependendo do setor industrial. Estima-se que esse tempo será de até 4 anos para produtos químicos, mas vai levar de 7 a 10 para calçados. O mesmo vai valer para produtos agrícolas.
Já se sabe, por outro lado, que o fato de agricultores, principalmente dos países do bloco europeu, estarem protestando sobre o acordo pode atrasar a homologação do tratado e o fomento e a desgravação de tarifas para certos produtos. Isso porque alguns terão que se adaptar ao processo produtivo de acordo com a regulamentação da União Europeia, o que demanda tempo e mudanças.
Como a intenção do acordo é fomentar o mercado entre os blocos, ele seguramente resultará no crescimento natural das operações de transporte entre os continentes, impactando tanto a importação quanto a exportação. Por conta desse fator, estima-se que haverá investimentos na área retroportuária e em estrutura de transporte e navegação ao longo da evolução do acordo.
Apesar de todas as vantagens que o acordo traz, ele precisa ser atentamente observado. Isso porque existem um certo nível de cautela de ambos os interessados para que seja aplicado de maneira mais assertiva. O ponto positivo deste acordo será que, com o passar do tempo, os dois mercados terão acesso a novos produtos, novas tecnologias e facilidade para novos negócios.