Caroline Moraes Pesquisadora da linguagem POP no teatro, a Benvinda Cia. (nome próprio homônimo em homenagem ao da gata do autor) faz uso da estética lúdica e cartunesca para abordar as temáticas da juventude na sociedade de hoje, a partir de dramaturgias autorais e do trabalho em múltiplas linguagens, sobretudo a das histórias em quadrinhos. “Ana e a Baleia”, em cartaz aos sábados, é também uma HQ publicada pela Editora Giostri, ilustrada pelo diretor artístico e dramaturgo João Hannuch, disponível para compra e leitura nos dias de apresentação. “DinoSarah”, também em processo de publicação, lança sua campanha de financiamento coletivo junto à Mostra Infanto-Juvenil realizada no Teatro Itália-Bandeirantes, e dá continuidade a uma circulação do trabalho por diversos equipamentos culturais da cidade.
Ambas as peças se propõem, por meio do humor e da excentricidade, a debater e questionar a realidade da criança e do pré-adolescente em uma atualidade tão permeada por sensibilidades, exigências e expressividades.
Sinopse “Ana e a Baleia”
Ana adora desenhar e ama baleias, na verdade, prefere baleias a pessoas e se comunica muito melhor com os seus desenhos. A não ser quando se trata da sua mãe, Ana tem certeza que sua mãe a entende. Com uma maneira toda especial de ver o mundo, um dia essa menina vê esse pequeno universo ser destruído por um mistério: o desaparecimento deste porto seguro. Quando os adultos se recusam a dar respostas, Ana cria a própria aventura e as suas próprias palavras. Pra lidar com a própria dor e a saudade e pra que as baleias continuem a nadar. Livremente inspirada em “ O Curioso Caso do Cachorro Morto”, de Mark Haddon; A peça entra no mundo dessa menina para falar de amor, luto, perda e acolhimento, sentimentos universais que aproximam a todos nós, não importa o quanto possam parecer diferentes. Afinal, quando começamos a perder quem amamos, como manter sua memória em nós para sempre?
Ana e a Baleia é uma peça que pode ser assistida presencialmente, é uma HQ que pode ser lida como tal e também é esse híbrido, Teatro HQ, que oferece uma experiência diferenciada e única ao público.
Ana e a Baleia – Estreia dia 15 de abril, 15h, no Teatro Itália-Bandeirantes. Direção e Dramaturgia – João Hannuch. Elenco – Beatriz Franco, Emma Jovanovic, Jhullie Campos e Virginia Lapoian. Cenotecnia e operação de luz – Marina Moratto. Operação de som – Matheus Kawa. Composição musical - Giovanne Malta. Arte Gráfica – JH Arte e Fotografia. Fotografia – Caroline Moraes. Produção – Bárbara Grossi. Temporada – De 15 de abril à 6
de Maio. Sábados às 15h. Duração – 55 minutos. Classificação livre. Ingressos – R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia-entrada). Ingressos à venda no Sympla e na bilheteria do local. www.benvindacia.com
Sinopse “DinoSarah”
DinoSarah conta a história de Sarah, princesa do reino de Shalalantatantala. Apesar dos anseios típicos de uma adolescente, ela não é nada comum: antes de Sarah nascer, seu pai, Saulo, foi amaldiçoado pela bruxa Aldora como punição por seu comportamento mesquinho, e se viu transformado em um dinossauro, logo antes de se casar com a amada Bonita. Meio humana, meio dinossaura, Sarah nasce e cresce em um lindo castelo, levando uma vida de questionamentos e provocações.
Quando coagida a participar de um concurso para eleger a mais nobre e prendada entre todas as princesas da região, vê uma oportunidade de expor suas ideias e, possivelmente, trazer mais aceitação e justiça ao mundo. Lá, conhece seu possível pretendente, o Príncipe Divino, as outras princesas participantes e Kiki, a encantadora produtora do reality show.
Com texto e direção de João Hannuch, DinoSarah se apresenta como um conto de fadas moderno e explora temáticas de aceitação, rejeição, amor e normatividade, conduzindo o público por um universo fantasioso que, na realidade, se aproxima muito do nosso!
DinoSarah – Estreia dia 16 de abril, 15h, no Teatro Itália-Bandeirantes. Direção e Dramaturgia – João Hannuch. Elenco – Aline Mathias, Beatriz Franco, Carolina Biagi, Emma Jovanovic, Giovanne Malta, Izadora Caroline, Jhones Pereira, Jhullie Campos, Marina Moratto, Matheus Kawa e Virginia Lapoian. Cenotecnia - Marina Moratto. Iluminação – Júlia Fávero. Operação de som – Gabriel Milani. Arte Gráfica – JH Arte e Fotografia. Fotografia – Caroline Moraes. Produção – Bárbara Grossi. Temporada – De 16 de abril à 7 de Maio. Domingos às 15h. Duração – 55 minutos. Classificação livre. Ingressos – R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia-entrada). Ingressos à venda no Sympla e na bilheteria do local. www.benvindacia.com
A Benvinda Cia. nasceu em 2016 a partir do desejo de participantes de diferentes grupos teatrais da Cultura Inglesa de aprofundar sua investigação em práticas artísticas. Com membros provenientes de diversas regiões da grande São Paulo, como Guarulhos, Santana, Higienópolis e Diadema, a companhia formou-se através da condução do diretor João Hannuch e iniciou sua pesquisa na linguagem que, posteriormente, chamaria de Teatro Pop.
Ainda em fase de experimentações, seu primeiro esforço como grupo se deu justamente em 2016, com a peça Seja Benvinda. Inspirada no texto original de Nil de Pádua, a peça retratava a busca pelos sonhos impossíveis e até onde podemos chegar, ou o que estamos dispostos a comprometer e abandonar para alcançá-los. Com 23 atores no elenco, 11 músicas originais e temporada no Teatro Irene Ravache, Seja Benvinda já apresentava, ainda que de modo embrionário, elementos que mais tarde se tornariam marcas registradas do grupo.
No ano seguinte, o grupo passou a explorar o cotidiano do jovem gay paulistano com a sua segunda peça, Limonada. Em seu texto original, João Hannuch buscou inspiração nas suas próprias desventuras amorosas, tecendo uma relação estreita com o espectador e o provocando a perceber as nuances dos vínculos que criamos durante a vida. Personagens cartunescos que funcionam como avatares, estética visual inspirada nas festas de aniversário dos anos 80 e momentos memetizados compõem a linguagem da peça e estreitam o conceito de Teatro Pop. O espetáculo contou com várias temporadas, no iNBOx Cultural, Parlapatôes e Viga Espaço Cênico, além de apresentações no Festival Satyrianas, Casa1 e Centros Culturais da cidade de São Paulo.
Já em 2018, a vontade de explorar a fragilidade da saúde mental do jovem contemporâneo originou o espetáculo Eu Amo Robô. Na peça, o conceito de loucura é explorado sobre diversos ângulos e aspectos, conduzindo o público pelas nuances visuais e emocionais trazidas pelas temáticas abordadas, como abuso físico e emocional, depressão pós-parto e luto. A confusão mental e solidão desoladora dos pacientes do hospício retratados no texto refletem em sua encenação, que conta com uma dinâmica de cenas curtas e não lineares. Com duas temporadas, no Espaço Cia. da Revista e no Viga Espaço Cênico, Eu Amo Robô também foi apresentada no Festival Satyrianas 2018.
O quarto trabalho da Benvinda Cia., Dinosarah, estreou em 2019 e explora temáticas de aceitação, rejeição, amor e normatividade na sociedade sob uma ótica lúdica e espetaculosa, conduzindo o público por um universo fantasioso que, na realidade, se aproxima muito do nosso. Novamente motivados pela proximidade com as temáticas e anseios dos jovens, viu-se latente na Cia. o desejo de se abordar o turbilhão de sensações e pensamentos do adolescente inserido na sociedade atual, além de, é claro, explorar a potência dessa discussão na linguagem e estética desenvolvida pelo grupo ao longo dos anos. Por meio do humor e da excentricidade, DinoSarah debate e questiona a realidade do jovem em uma atualidade tão permeada por sensibilidades, exigências e expressividades. Contou com uma temporada de estreia no iNBOx Cultural e uma turnê por Centros Culturais da Grande São Paulo.
Ainda em 2019, o grupo se debruçou sobre a pesquisa em teatro itinerante, performance e a imersividade em cena, tendo realizado uma abertura de processo sob o nome de Bernadete Azul, em dezembro. A partir de 2020, com os percalços da pandemia e do isolamento social, o grupo dá continuidade a essa pesquisa, considerando agora seus desdobramentos na dinâmica virtual, e explorando as possibilidades cênicas das novas plataformas. Durante o isolamento social, participou do projeto #QuarentenaProjetada, da Mídia Ninja em parceria com o Instituto Moreira Salles e lançou a peça podcast Princesa Terapia, por meio do Podcast Ato Pop. Segue agora em processo de pesquisa com duas dramaturgias paralelamente, “Benzinho” e “Ana e a Baleia”.