21/06/2023 às 16h34min - Atualizada em 26/06/2023 às 00h00min

Peça na Zona Franca

Memórias femininas e tradições ancestrais

SALA DA NOTÍCIA Redação
Pedro Dutra

Vanessa Petroncari resgata memórias femininas e tradições ancestrais no solo Fuxicos

Com direção de Alejandra Sampaio, espetáculo resgata tradição de mulheres da roça que se reuniam para fazer trabalhos manuais e ‘fuxicar’ sobre a vida


Neta de lavradores de café do interior de São Paulo, Vanessa Petroncari resgata memórias ancestrais e narrativas de mulheres que trabalhavam nas lavouras de café no solo Fuxicos, com direção de Alejandra Sampaio. O espetáculo estreia em 1º julho, na sede da Associação Zona Franca, na Bela Vista, e fica em cartaz até o dia 30 do mesmo mês, com apresentações aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h.

Escrito em 2020 pela própria Vanessa, o texto contou com assessoria dramatúrgica de Kiko Marques e nasceu de uma pesquisa da artista sobre narrativas femininas, o contexto da vida no campo e possibilidades de escolhas para mulheres. Entre 2018 e 2020, ela coletou histórias da própria família e de outras mulheres que passaram por contextos de transformações, adoecimentos e resistência, além de peças artesanais feitas manualmente por sua mãe, avós, bisavós, tias etc.

A peça tem como mote principal a cultura de confecção de fuxicos, um artesanato feito por mulheres da roça com sobras de tecidos em ocasiões em que se reuniam para costurar e “fuxicar” sobre a vida. Em reuniões notadamente femininas, havia a confecção de produtos artesanais, troca de saberes e manutenção de memórias através da oralidade.

“A vida caipira, no interior do estado de São Paulo no século XX, reservou papel nitidamente doméstico às mulheres, delegando-lhes os cuidados do lar, da criação dos filhos e manufaturas necessárias. Isso contribuiu para que a nossa sociedade ainda esbarre na romantização da figura da “super mulher”, que dá conta de tudo, sem se perguntar o quão dolorido e adoecedor isso pode ser.  Meu desejo é falar sobre essas dores, mas também sobre nossas estratégias de resistência e sobrevivência afetiva. Essa peça fala, sobretudo, de cura. Uma cura que é encontrada nos encontros e nas histórias que são transmitidas sabiamente de geração a geração”, comenta Vanessa Petroncari.

Fuxicos é uma espécie de “mandala teatral”, na qual mãos ancestrais femininas trabalham sobre o tempo e nos contam histórias. “Como neta de lavradores de café, passei a maior parte da infância na roça em São Manuel. Eu faço fuxicos desde a adolescência; o crochê aprendi na infância, tudo com as minhas avós. Acho que, conforme vamos tecendo essas pequenas peças de artesanato, vamos tecendo, em alguma medida, os fios das nossas vidas - esse rio que ninguém sabe ao certo onde vai desaguar. Eu gosto de pensar que em cada fuxiquinho tem uma história costurada. Quantas histórias cabem em uma vida?”, filosofa.

A ideia do espetáculo é criar uma reflexão sobre as heranças femininas e suas expectativas familiares e sociais, assim como as possibilidades de quebra e negação a um modelo apresentado. 

Em cena, são discutidas questões como: “Em que medida nós, mulheres, vivemos a vida que escolhemos viver ou vivemos uma vida que nos foi destinada pela família e sociedade? Quem são as mulheres de nossa família? Essas mulheres tiveram a possibilidade de escolha de um modelo de vida? Ou ainda, puderam recusar tal modelo? Como costuramos e descosturamos as memórias e tradições em um tecido próprio?”.

Sinopse

Avó e neta costuram histórias à margem de um rio. Por entre lembranças e atritos, os trabalhos manuais ancestrais dão passagem a antigas mulheres trazidas pelo rio.

Ficha técnica

Concepção, texto e atuação: Vanessa Petroncari

Direção: Alejandra Sampaio

Assessoria dramatúrgica: Kiko Marques

Provocador cênico: Mateus Menezes

Direção musical: Bruno Menegatti

Trilha sonora: Bruno Menegatti, Bruno Sanches e Gustavo Sarzi

Luz: Adriana Dham

Figurino e cenário: Verson Souto

Produção: Vanessa Petroncari
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio 

 

Serviço

Fuxicos, de Vanessa Petroncari

Temporada: 1º a 30 de julho, aos sábados, às 20h; e aos domingos, às 19h

Associação Zona Franca - Rua Almirante Marques Leão, 378, Bela Vista 

Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes de cada sessão

Classificação: 10 anos

Duração: 60 minutos

Capacidade: 35 lugares

Informações: (19) 98328-1058


 
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