No último domingo, dia 07, a bola rolou em Lyon, na França, para a final da Copa do Mundo de Futebol Feminino, no estádio Parc Olympique Lyonnais, também conhecido como Parc OL, a aproximadamente 500 km da charmosa capital francesa.
Mais de 57 mil amantes do futebol puderam acompanhar Estados Unidos e Holanda travarem uma batalha dentro das quatro linhas em busca do título. A Holanda, pela primeira taça — a equipe nunca foi campeã da competição — e os EUA, pelo tetra.
E foi o que aconteceu. Com gols das craques Rapinoe e Lavelle, a seleção americana também pode gritar "É tetra!" e faturar a quarta taça na competição — já havia conquistado em 1991, 1999 e 2015, ampliando o status de maior campeã na competição.
É provável que os brasileiros natos e amantes do "bom e velho" futebol, se perguntem neste momento: onde está o Brasil? A resposta para essa simples pergunta, embora nada agradável, está nas próximas linhas.
Acabou parando nas oitavas de final para a França, após um jogo muito equilibrado, com direito a gol de empate "na raça", de Thaísa, um primeiro tempo da prorrogação delicado e gol francês no primeiro minuto do segundo round, que liquidou a partida.
A Copa do Mundo Feminina
A Copa do Mundo Feminina, organizada pela FIFA, acontece desde 1991, também a cada quatro anos, como acontece no futebol masculino. As sedes até o momento foram China e EUA, duas vezes cada, com Suécia, Canadá e França completando a lista.
As seleções campeãs foram Estados Unidos quatro vezes, Alemanha duas vezes, e Japão e Noruega uma vez. O mais próximo que o Brasil chegou da taça foi em 2007, quando disputou a final com a Alemanha, mas acabou ficando com o vice-campeonato.
O status quo e o peso da camisa
Uma das perguntas que rondam o pensamento do torcedor, provavelmente, seja por que a equipe ainda não conseguiu emplacar um único título em uma Copa do Mundo Feminina, se já mostrou essa capacidade no Pan, nas Olimpíadas e até na própria competição?
Outra pergunta seja, provavelmente, o que fez de equipes como Estados Unidos e Alemanha se tornarem referência no esporte na modalidade, conquistando diversos títulos e o status de maiores campeãs da Copa do Mundo Feminina?
O que falta para o Brasil
Alex Morgan, um dos destaques da edição deste ano, artilheira com 6 gols junto de Ellen White, da Inglaterra, e Megan Rapinoe, também da seleção americana, elogiou o potencial do Brasil, em entrevista à ESPN, mas também pediu por mais apoio.
"Eles (a federação) fizeram um trabalho incrível nos apoiando nesta Copa do Mundo. E isso mostra quais federações realmente apoiam os seus times e quem realmente conseguiu chegar mais longe. Você olha para a Inglaterra, França, nosso time", disse.
"Em comparação ao Brasil, que tem muito potencial e que poderia facilmente ter chegado à final por sua qualidade. Mas não tem o apoio necessário. Então, temos que continuar avançando e acho que estamos fazendo isso", completou.
Se a resposta para essas perguntas está dentro ou fora das quatro linhas, somente o tempo dirá. O que os torcedores podem questionar agora é, o que fazer para ajudar a seleção brasileira a emplacar melhores resultados?
Futebol Feminino no Brasil
A história do futebol feminino no Brasil é longa. Embora marcada por muita luta em busca de espaço e apoio das instituições, empresas e da sociedade como um todo, essa mesma história tem revelado um futuro muito promissor.
Se antes a seleção viajava com sobras de roupas da seleção masculina para a Copa do Mundo, hoje ganha ótimas projeções e números. Marta, por exemplo, ergueu 6 vezes a taça como melhor jogadora do mundo, 5 de forma consecutiva.
Na disputa entre homens e mulheres, o prêmio de maior goleador(a) em mundiais fica também para a atacante Marta, com 17 gols marcados — superando a marca de 16 gols do ex-jogador e atacante alemão Miroslav Klose.
Além disso, hoje as meninas do futebol brasileiro podem contar com modalidades femininas nos principais clubes do país, ligas profissionais, torneios internacionais e até a visibilidade para equipes da Europa — e, claro, para a seleção brasileira.
Os próximos pass(e)s
Algumas ações podem se tornar o passe certeiro, necessário para que o futebol feminino possa emplacar novos triunfos e para que essa história continue sendo escrita repleta de bolas nas redes e sorrisos no rosto do torcedor brasileiro.
Além, é claro, para ajudar a seleção brasileira na busca pelo primeiro título da Copa do Mundo Feminina. A próxima batalha, marcada para 2023, ainda não tem sede definida, e pode acontecer até mesmo dentro de casa, ou seja, no Brasil.
1 - Apoio das organizações
Um importante apoio para a seleção e para todos os clubes é o investimento por parte das organizações que os mantêm, promovendo cada vez mais a capacitação, a integração e o desenvolvimento da modalidade no país e a representação em todo o mundo.
2 - Apoio dos clubes
A cada clube, cabe o investimento na criação de um ambiente produtivo e promissor, através de uma estrutura física e humana capaz de proporcionar o desenvolvimento pessoal e profissional das meninas do Brasil.
3 - Apoio das empresas
As empresas têm um papel fundamental nesse processo, com o apoio financeiro por meio de patrocínios, buscando a promoção dos clubes que tomam a iniciativa de também investir na modalidade no país e, claro, também das meninas que fazem acontecer.
4 - Apoio das pessoas
O apoio das pessoas vale por dois. Seja na internet, seguindo, curtindo e compartilhando o dia a dia das jogadoras, dos clubes, das empresas que apoiam esta iniciativa e das organizações que mantêm firme o propósito de ajudar.
Assim como também fora dela, marcando presença nos jogos das equipes femininas, nos eventos realizados pelos clubes, apoiando as marcas que os patrocinam e as organizações que os mantêm, fazendo disso um hábito.
Desta forma, é possível contribuir cada vez mais para um universo feminino mais constante, mais intenso, mais presente; mais visto, mais lembrado e, principalmente, mais justo para as meninas incríveis do futebol brasileiro.
Conteúdo disponibilizado originalmente em nacaradogol.jor.br/o-sonho-continua