28/02/2023 às 12h26min - Atualizada em 01/03/2023 às 00h03min
Ubu Rei, de Alfred Jarry, no Teatro Alfredo Mesquita pelo Circuito Municipal de Cultural (Gratuito)
Os absurdos do poder encenados de forma cômica dão vida ao espetáculo que traz Augusto Marin, como Pai Ubu, e a atriz Esther Góes, como Mãe Ubu
SALA DA NOTÍCIA Alessandra Siegel
Nos dias 1 e 15 de março, quartas-feiras, às 21h, acontecem as apresentações gratuitas do espetáculo Ubu Rei, baseado no texto de Alfred Jarry, no Teatro Alfredo Mesquita, pelo Circuito Municipal de Cultura. O espetáculo teatral tem direção de Armando Liguori Júnior e tradução e concepção de Augusto Marin. No elenco, Augusto Marin, como Pai Ubu, Esther Góes, como mãe Ubu, Paulo Dantas, Armando Liguori, Fabricio Garelli, Juliano Dip e Natalia Albuk. O espetáculo tem duração de 1h20. Mais atual do que nunca, o texto mostra como a ganância e a vaidade exacerbada são capazes de motivar a tomada do poder. Ubu, o protagonista, é um personagem inescrupuloso que beira o grotesco para alcançar seus objetivos. Manipulado pela esposa, Mãe Ubu, e amparado pelos próprios discípulos, decide matar o rei da Polônia para roubar a coroa. Em seguida mata os nobres, juízes e os financistas e trai seus próprios apoiadores. Qualquer semelhança com Macbeth, de Shakespeare, não é mera coincidência! “Ubu Rei é uma sátira sobre o poder, revela como são patéticos os tiranos. Eles jogam com o destino das pessoas como se fossem crianças brincando”, diz Augusto Marin, idealizador do projeto. Ao chegar ao trono, Ubu se torna um tirano sanguinário, mas ingênuo e despreparado, o que leva a plateia ao riso. Essa é uma das principais características do trabalho de Alfred Jarry: encenar uma farsa que conduz à gargalhada diante da estupidez humana ao supor uma superioridade diante dos demais. Segundo Armando Liguori, “estamos fazendo uma releitura contemporânea de Ubu Rei, de Alfred Jarry, pós-pandemia, trazendo referências sobre o Brasil, os artistas e o teatro. Para criar o espetáculo pesquisamos algumas versões de Ubu Rei, como: Ubu Rei, de 1896, Ubu Cornudo, de 1897, Ubu Acorrentado, Ubu sobre a Montanha e os Almanaques do Pai Ubu, escritos entre 1899 e 1901”, esclarece. A linguagem do espetáculo baseia-se nas técnicas da comédia física e visual, no jogo dos atores, na Commedia Dell’ Arte, com música ao vivo, acrobacias, marionetes, elementos de HQs e dos jogos infantis. O público integra o espetáculo, representando o povo da Polônia. Ubu Rei, uma sátira sobre os tiranos e Alfred Jarry Quando estreou em Paris em 1896, sob a direção do simbolista Lugné-Poe, no Théâtre de l’ Oeuvrea, a peça foi recebida com aplausos e vaias e ficou apenas dois dias em cartaz. O espetáculo rompia com os cânones do teatro da época e o reconhecimento só chegou após a morte de Jarry, quando a tragicomédia serviu de inspiração para o surrealismo, o dadaísmo e o teatro do absurdo. O texto de Ubu teria surgido como uma sátira de Jarry a um professor do Liceu de Rennes, França, em 1888, quando tinha 14 anos. Alfred Jarry (1873-1907) foi um poeta, romancista e dramaturgo simbolista francês, inventou a Patafísica, “a ciência das soluções imaginárias", que opera, pela chave cômica, na desconstrução do real e sua reconstrução no absurdo. Segundo Guillaume Apollinaire, Jarry foi grande escritor popular, uma espécie de debochado sublime e precursor e inspirador do movimento surrealista. Ubu Rei, Ubu Play O processo de criação do espetáculo aconteceu a partir de uma série de improvisações de cenas originais da peça. Com o roteiro e a definição das cenas, inicia-se o processo de caracterização das personagens, gestos, posturas e o uso da voz. Na linguagem do teatro físico e das máscaras, os atores, além de representar mais de um personagem, fazem efeitos sonoros, vozes, manipulam objetos e assumem algumas vezes que estão fazendo teatro. O espetáculo Ubu Rei está sendo realizado dentro do Projeto UBU REI, FOLIAS PATAFISICAS E PANTAGRUÉLICAS, com recursos do PROAC LAB, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. Uma Commune Teatral e Ponto de Cultura A Commune, fundada em 2003, é uma premiada companhia de pesquisa, produção, formação e intercambio teatral. Seu repertório inclui: Na Cama com Molière, baseado em O Doente Imaginário e Otelo, de Shakespeare, ambos com direção de John Mowat, Anti Comics, uma paródia dos Super Heróis, de Sonia Daniel (coprodução internacional com apoio do IBERESCENA). Desde 2005, é um Ponto de Cultura e desenvolve o Projeto Teatro Cidadão, que já formou mais de 1500 jovens através de oficinas e da montagem de espetáculos. O Teatro Commune, criado em 2007, é um laboratório de pesquisa e produção da companhia, referência nas artes cênicas na cidade. Tem capacidade para 99 pessoas, equipamento de luz digital e som profissional, ar-condicionado, galeria e café, além de estacionamento ao lado. Ficha Técnica Direção Geral: Armando Liguori Júnior Tradução e Concepção: Augusto Marin Elenco: Esther Góes, Augusto Marin, Fabricio Garelli, Juliano Dip, Natalia Albuk Armando Liguori e Paulo Dantas Fotografia: Alexia Marilia Diretor de Produção: Luciane Ortiz Direção Musical: Sérvulo Augusto Diretor de Movimentos - Doria Gark Cenários: Paulo Dantas Figurinos: Aline Barbosa Adereços: Nani Catta Preta Design de Luz: Andre Lemes Operação de Luz: Agnaldo Nicoletti e Andre Lemes Operação de Som: Anderval Areias Programação Visual e Designer: Rony Costa Assessoria de Imprensa: Alessandra Siegel Contrarregra: Fabio Daniel e Manoel Cabral Realização: Commune e Marin Produções Artísticas Serviço: Ubu Rei Dia: 01 e 15 de março (quartas-feiras) Horário: 21h Duração: 80 minutos - Limite: 12 anos Valor: Gratuito Onde: Teatro Municipal de Santana Alfredo Mesquita - TAM - Localizado em Av. Santos Dumont, 1770 - Santana - São Paulo/SP Informações: (11) 2221-3657