12/12/2024 às 11h50min - Atualizada em 12/12/2024 às 11h45min
Aumento escorchante da taxa Selic: sabotagem à política econômica do Governo Federal?
José Alves de Azevedo Neto
O COPOM decidiu ontem elevar a taxa de juros Selic em um ponto percentual, passando dos atuais 11,25% para 12,25%. Essa decisão confirmou as expectativas do mercado financeiro, que é o principal beneficiado por essa taxa de juros astronômica. Tal cenário é extremamente preocupante.
O impacto da elevação dos juros é devastador para a economia brasileira, que vinha se recuperando de forma consistente. Com essa medida, quem perde são os grandes, médios, pequenos e microempreendedores, da economia produtiva, enquanto os grandes vencedores são os especuladores financeiros, especialmente os banqueiros que dominam a Avenida Faria Lima, em São Paulo. Isso ocorre porque o crédito que financia a produção e o consumo se torna, a partir de agora, praticamente inviável. Mais uma vez, o Brasil fortalece o "cassino financeiro" da especulação.
O COPOM justificou a alta dos juros alegando que o governo federal não está cumprindo as expectativas do mercado em relação ao ajuste fiscal. O que não é verdade. Além disso, os conselheiros mencionaram que a inflação está se aproximando do teto superior da meta estipulada pelo Banco Central. Este é um argumento técnico pertinente, porém, a dosagem do remédio pode matar o paciente.
É importante esclarecer que o governo federal tem, sim, buscado implementar um ajuste fiscal. Uma proposta enviada ao Congresso Nacional previa isentar do imposto de renda trabalhadores que ganham até R$ 5.000,00, com a compensação sendo feita por meio da tributação dos super-ricos, aqueles que ganham acima de R$ 50.000,00 mensais ou R$ 600.000,00 anuais. Sim, é isso mesmo: no Brasil, existem super-ricos! Então, essa proposta foi rejeitada pelos parlamentares. Ainda pior, os deputados e senadores condicionaram a aprovação de outras medidas do pacote fiscal à liberação de mais emendas parlamentares para atender suas bases eleitorais, em detrimento do interesse do povo brasileiro.
Por fim, vejamos os números exorbitantes resultantes do aumento da taxa Selic. Esse acréscimo de um ponto percentual gerará um impacto de mais de R$ 50 bilhões nas contas públicas. Além disso, apenas com o serviço da dívida pública, ou seja, os juros, o governo federal pagará mais de R$ 800 bilhões neste ano aos bancos nacionais. Esse cenário é insustentável. Como é possível falar em ajuste fiscal enquanto a dívida pública continua sendo onerada de forma tão expressiva?