22/03/2019 às 09h56min - Atualizada em 22/03/2019 às 09h56min

Como podemos evitar que novas tragédias como a de Suzano ocorram

Roberto Uchôa
Cícero Lopes

        Nessa primeira coluna gostaria de abordar algumas questões relacionadas ao ataque ocorrido na escola em Suzano na semana passada e as ocorrências nas escolas de Campos nesses últimos dias. No caso de São Paulo foi um ato de barbárie, praticado por um adolescente e um adulto, claramente com o objetivo de passar uma mensagem a todos que fossem atingidos, direta ou indiretamente. Através das vestimentas utilizadas ou pelo armamento que portavam, fica claro que ambos estavam interpretando personagens criados à semelhança dos existentes em jogos de vídeo game.

        Em um primeiro momento, logo após a notícia se espalhar, muitos se perguntavam o que poderia ter sido feito para evitar um acontecimento desse tipo. Especialistas foram chamados às redes de televisão, estudiosos teceram comentários em diversos veículos e as redes sociais fervilhavam com opiniões. Existiram críticas à facilidade com que eles entraram na escola, reclamações quanto à falta de uma segurança armada e até mesmo opiniões no sentido de que os professores deveriam passar a portar armas nas escolas.

        Apesar da diversidade de opções, a grande maioria delas repousa na concepção de que um ato violento desse tipo só pode ser combatido através de uma resposta igualmente violenta. Foram poucas as vozes que surgiram defendendo a prevenção como forma de limitar a ocorrência de fatos como esse, o que é um equívoco. Um acompanhamento psicopedagógico adequado dos alunos poderia ter propiciado a percepção de que algo não ia bem, já que no caso foram ex-alunos que praticaram o crime.

        Esse acompanhamento escolar poderia ter detectado algum problema, mas isso não basta, é cada vez mais essencial que os pais e responsáveis se aproximem de seus filhos e procurem saber o que eles tem feito, por onde tem andado, com quais amigos tem circulado e principalmente o que fazem na internet. Como visto em algumas reportagens, os jovens participavam de fóruns online que pregavam a violência através de massacres do tipo.

       Não adianta mais os pais perguntarem aos filhos se o dia deles foi bom na escola e se eles tem algo a contar, o importante é perguntar quais foram as dificuldades que eles enfrentaram naquele dia, como podemos ajudá-los e principalmente mostrar que acima de tudo nós, pais, estamos ali ao lado deles e à disposição para dar suporte no que for preciso.

        Coincidência ou não, nos casos de Campos, os adolescentes podem ter sido encorajados pelas notícias... A internet também tem esse poder! Ela dá voz ao mudo, dá força a quem se considera fraco, encoraja o covarde. Uma simples conversa em casa, uma atenção especial, pode resolver muitas das indagações inerentes a imaturidade adolescente. Se queremos evitar que tragédias como essa voltem a ocorrer, precisamos voltar a cuidar de nossas crianças.

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