Apesar de bastante comum na construção civil, o tijolo tradicional de argila foi sempre um componente problemático no quesito ambiental. A produção de materiais cerâmicos, que é realizada nas chamadas olarias, causa impactos ambientais como a derrubada de árvores e a contaminação do solo.
Esses problemas foram identificados no artigo científico "Impactos Ambientais causados pela Implantação e Operação de Olaria em Caçapava do Sul", publicado na revista científica Holos Environment por acadêmicos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).
De acordo com o trabalho, o processo de extração, produção, beneficiamento, queima e transporte da argila para produzir o tijolo resulta em perda da qualidade e contaminação do solo, deterioração da qualidade da água e do ar, alteração dos ecossistemas aquáticos e terrestres, além de outros impactos sonoros e sobre a saúde humana. A pesquisa lembra que as olarias são importantes economicamente para a região, principalmente com a geração de empregos, mas que o saldo ambiental é negativo.
Resultados parecidos foram demonstrados por artigos produzidos por acadêmicos da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O impacto ambiental dessa atividade não foi medido pelas autoridades brasileiras, dificultando, assim, até mesmo ações para diminuir esses problemas. Por causa da dificuldade de se obter informações oficiais sobre as olarias no Brasil, problema que é admitido pela própria Associação Brasileira de Cerâmica (ABCERAM). Mas calcula-se que o país tenha mais de 600 olarias.
Para oferecer uma alternativa a esse processo que sabidamente tem causado degradação, alguns países, incluindo o Brasil, já possuem o tijolo ecológico como uma solução. Além de provocar um impacto ambiental muito menor do que o produto tradicional, sua produção é mais barata e oferece uma redução de custos para as obras.
A Alphaz Concept, incorporadora que desenvolve projetos sustentáveis com soluções ecológicas, adotou a utilização dos tijolos ecológicos que reduzem em 90% o consumo de água, dispensam a queima de carvão e diminuem a utilização de argamassa no canteiro de obras.
"Esse tipo de tijolo é ecológico também por ser produzido a partir de restos de outras construções civis, industriais ou orgânicos, incentivando economia e reaproveitamento na obra. Resumindo, ele é ecológico porque evita degradações no meio ambiente e é feito de forma inteligente", explica Leonardo Pereira, engenheiro de produção responsável pelos tijolos ecológicos da Alphaz Concept.
Vantagens ambientais do tijolo ecológico
Pereira argumenta que dentre as vantagens, o tijolo ecológico promove a conservação do meio ambiente (fauna e flora) e evita a alteração no nível do lençol freático, erosões, assoreamento dos rios, poluição sonora e instabilidade de margens e taludes. O especialista complementa que o produto não gera resíduos sólidos e reduz a emissão de gases que interferem no clima e favorecem o efeito estufa.
"O nome do produto é fruto de sua fabricação totalmente sustentável, desde sua concepção, na escolha dos compostos corretos e de onde serão extraídos, partindo para a obra, onde podemos citar a redução no gasto com argamassa, cimento, ferro e madeira, por exemplo. Além disso, como o material não precisa ser curado, em um processo de queima como o tradicional, a cada mil tijolos ecológicos produzidos é possível preservar entre 8 e 12 árvores", diz.
Outro benefício que o artigo possui é que não gera nenhum tipo de entulho. É muito comum que esses restos dos tijolos tradicionais sejam despejados em lugares inapropriados, atingindo muitas vezes os leitos dos rios.
O engenheiro de produção diz que enquanto a produção dos tijolos convencionais de cerâmica causa desmatamento e emite gases poluentes, os ecológicos utilizam apenas "solo, cimento e técnicas de umidade para a formação dos produtos".
Benefícios financeiros do tijolo ecológico
Pereira defende também que além de todos os benefícios ambientais citados, o tijolo ecológico é mais barato, o que traz uma importante redução de custos. Ele diz que o investimento feito na compra dos tijolos ecológicos representa redução de custos em até 80% com cimento, 50% com ferros e 95% de madeira.
"Podemos afirmar que especificamente no caso da redução de insumos na fabricação de tijolos ecológicos, comparados à fabricação convencional, a economia beira os 20%, somados à economia na mão de obra, construção de fornos, baias de secagem etc".
Levando em consideração, a dispensa do processo de cura, que normalmente queima lenha, o especialista destaca que a economia financeira total na fabricação do tijolo ecológico versus o convencional pode atingir 15% de diferença.
Além do gasto menor, optar pelo produto que respeita o meio ambiente também gera uma diminuição de até 50% no tempo da obra, na comparação com os materiais tradicionais da indústria da construção civil. Com mão de obra qualificada, o fácil encaixe dos artigos proporciona rapidez no levantamento de paredes e melhor alimento de prumo.
"O tijolo ecológico ainda tem a capacidade de isolamento térmico e acústico, que são gerados pelos furos no meio dos produtos, que formam câmaras de ar. Instalações hidráulicas e elétricas podem ser realizadas através desses furos, entregando obras mais limpas, sem quebras de paredes e com menos sobras e desperdícios".
Estão, ainda, entre os benefícios dos tijolos ecológicos:
Duram até 6 vezes mais do que os comuns, quando bem aplicados;
São esteticamente bonitos. Servem para decorações como tijolos aparentes, necessitando apenas de um acabamento depois com verniz ou resina;
Podem receber qualquer tipo de acabamento ou revestimento;
Os fabricantes também produzem meio bloco do tijolo, então não se torna necessário perder tempo cortando tijolos para encaixes em cantinhos no meio da obra.
"A verdade é que o tijolo ecológico está virando uma realidade, graças à luta de empresas como a Alphaz, que tem como base de seus investimentos e projetos a remodelagem de uma nova forma de construir, voltada ao relacionamento correto entre construção e meio ambiente", finaliza Leonardo Pereira.