25/05/2023 às 16h04min - Atualizada em 26/05/2023 às 00h03min

Polícia Civil usa tecnologia que “atualiza” imagens de pessoas desaparecidas

Desde 2017, mais de 960 queixas sobre desaparecimento de crianças foram registradas no estado de São Paulo

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O artista forense Thiago Beleza utiliza técnicas de progressão de envelhecimento para projetar os rostos de pessoas desaparecidas

Há 21 anos, Zeni Souza do Carmo, 65 anos, procura pela filha Stephany de Souza Lopes. A última vez que elas se viram foi na manhã do dia 17 de agosto de 2002, quando a mãe saiu de casa para trabalhar. Quando voltou, a menina de 6 anos havia desaparecido. Desde então, Zeni enfrenta uma longa batalha em busca da filha. “É muita luta, muita dor. A vida da gente muda muito”, desabafa.

Stephany está prestes a completar 27 anos, e o seu rosto não é mais o daquela criança de 6 anos. Há quase uma semana, o escrivão e artista forense Thiago Beleza utiliza técnicas de progressão de envelhecimento para projetar como a Stephany de 6 anos se pareceria hoje, já adulta.

A foto de Stephany é uma das imagens divulgadas nos vagões do metrô nesta quinta-feira (25), data que marca o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas. O estado de São Paulo contabiliza, desde 2017, 964 queixas em aberto de crianças de zero a 11 anos desaparecidas. Somente neste ano, foram 53 registros.

A Polícia Civil de São Paulo conta com uma tecnologia que é fundamental para investigar casos de pessoas que desapareceram ainda na infância. A ferramenta é a mesma aplicada para o retrato falado digital, mas com outro objetivo. O escrivão Thiago Beleza explica que o envelhecimento é feito com base em fotos do desaparecido e de familiares, como pais e irmãos, se houver.

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Stephany de Souza Lopes desapareceu em agosto de 2002, aos seis anos de idade

O processo pode levar semanas, e vários fatores são levados em consideração. “A gente leva em conta a situação que ela pode estar. Às vezes ela pode estar em uma situação de rua, se era usuária de entorpecente, e o resultado que isso pode ter no rosto dela”, explica.

Em 2020, Eliot Paim, 27 anos, foi encontrado após ficar 2 meses em situação de rua. Ele morava no Morumbi, na zona Sul da capital. Depois de um passeio pelo bairro, não voltou para a casa dos pais. A família procurou a polícia, que então fez a progressão de envelhecimento. Com a divulgação da imagem, um professor de educação física reconheceu Eliot em uma rua da região central de São Paulo.

Beleza ressalta que a população passa a ter um papel muito importante quando a progressão de envelhecimento é divulgada. “Às vezes, a investigação chega a um ponto que depende de ajuda, e isso auxilia a dar um norte para esses casos que ficam sem saída”, afirma.

A delegada Bárbara Lisboa Travassos, da Delegacia de Polícia de Investigações sobre Pessoas Desaparecidas, afirma que a ferramenta de envelhecimento progressivo de desaparecidos e o retrato falado digital são fundamentais no trabalho da polícia. “Toda vez que temos uma ação de desaparecidos no metrô, a quantidade de ligações que recebemos aumenta. A gente trabalha muito menos com a leitura, e mais com a informação visual.”

Quando uma pessoa desaparece, a providência mais importante é registrar o boletim de ocorrência. É importante a família passar a maior quantidade de características físicas da pessoa que sumiu, como tatuagens ou sinais de nascença, além de detalhar o contexto do desaparecimento. O boletim de ocorrência pode ser feito pela internet, na Delegacia Eletrônica, ou no distrito policial mais próximo da residência da pessoa desaparecida.

Para auxiliar nas buscas, a Polícia Civil divulga na internet fotos de pessoas desaparecidas. Nos casos em que os desaparecidos são localizados, é preciso registrar um boletim de encontro via Delegacia Eletrônica ou em qualquer distrito policial – a medida desbloqueia o RG do desaparecido e também permite a retirada de fotos divulgadas durante as buscas.

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Fonte: www.saopaulo.sp.gov.br
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