Claudia Alvarim Barrozo, de 59 anos, Defensora Pública do Estado do Rio aposentada, que está sendo investigada pelo crime de injúria racial contra dois entregadores, em Niterói, foi aposentada por invalidez desde novembro de 2016, segundo divulgado pela instituição.
Além desse caso, que ocorreu em um condomínio de luxo no dia 30 de abril, a investigada já possui outros registros na Polícia Civil, pelo crime de injúria, constrangimento e até mesmo lesão corporal. As anotações foram em 2001, 2013, 2014 e 2017; a maioria delas por injúria.
A investigada já foi intimada pela Polícia Civil do Rio para prestar depoimento na tarde da última quinta-feira (5), mas não compareceu, alegando que tinha compromisso e só prestará o depoimento nesta semana.
A Defensoria Pública é um instrumento da democracia que promove a orientação jurídica, promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita aos necessitados.
"A Defensoria Pública do Rio reitera que é absolutamente contrária a qualquer forma de discriminação e tem na Coordenadoria de Promoção da Equidade Racial (Coopera) e no Núcleo de Combate ao Racismo e à Discriminação Étnico-Racial (Nucora) ferramentas capazes de colaborar para a valorização de ações afirmativas", diz a nota divulgada pela instituição.
Entenda o caso
A injúria teve início quando os entregadores Eduardo Peçanha e mais um colega, faziam entrega em um condomínio, em Itaipu, Niterói, e estacionaram um caminhão em frente à garagem da ex-defensora. A investigada, por sua vez, segundo os relatos, pediu que o veículo fosse retirado da entrada da residência, o que não foi prontamente atendido pelos entregadores.
Joab Gama de Souza, advogado responsável pela defesa das vítimas, afirmou que a espera pela retirada do caminhão durou apenas alguns minutos. Ele explica que o motorista do veículo fazia uma entrega em uma residência vizinha e, por isso, não retirou imediatamente. Ainda segundo o advogado, o entregador que ficou no caminhão não tinha carteira de motorista para remover o veículo do local, dando início à discussão.
“A mulher pediu que o veículo fosse removido da garagem. O ajudante respondeu que ele precisaria esperar o motorista chegar, porque ele não era capacitado para dirigir. Logo em seguida, ela perdeu o controle e começou a ofender os trabalhadores. Ela chamou os dois de ‘macacos’. Em seguida, ela começou a jogar objetos na direção da van. Fizemos o registro de ocorrência e esperamos que o caso seja designado para uma delegacia especializada”, contou Joab Gama.
Em nota, a Polícia Civil disse que imagens de câmeras de segurança foram solicitadas para a investigação e esclarecimentos.
O Grupo Aurora de Comunicação vem a público expressar sua preocupação com atos racistas contra negros e negras. O racismo e a injúria racial são crimes previstos por lei e devem ser punidos com rigor exemplar. O Grupo Aurora como entidade de jornalismo, atua na promoção da igualdade, da liberdade de expressão, do direito a todos e a todas sem discriminação de raça, gênero, orientação sexual, crença religiosa e origem social. Deste modo, repudiamos qualquer ação discriminatória, especialmente acompanhada de qualquer tipo de violência e, neste particular, considera que atos racistas e de injúrias raciais são uma afronta aos direitos humanos fundamentais, uma ameaça à vida, as religiões de matrizes africanas, um ataque à liberdade, democracia, imprensa e ao povo brasileiro.
Nossa equipe de jornalismo entrou em contato com a Previdência Social e a Defensoria Pública do Estado do Rio para pedir explicação sobre a aposentadoria da ex-defensora pública citada na matéria, mas não tivemos resposta.