04/04/2022 às 13h13min - Atualizada em 04/04/2022 às 15h50min

A comunicação dos líderes mundial em tempos de guerra

Uma análise das falas dos presidentes do Brasil, EUA, China, Rússia e Ucrânia

SALA DA NOTÍCIA Letícia Gasparini
Agência Image 360
Clube da Fala

Negociações que envolvem interesses econômicos ou ideológicos costumam ser extremamente complexas mesmo em tempos “normais”. Mas é em época de guerra declarada, em momentos extremos de pressão, que conseguimos notar o nível de complexidade de tais situações. E é aí que um fator se torna ainda mais relevante, até capaz de selar a paz entre os países: o poder da comunicação.

 

Seja em debates, pronunciamentos ou entrevistas, os líderes mundiais envolvidos no conflito entre Rússia e Ucrânia possuem características próprias em suas falas:

 

Vladimir Putin e a comunicação violenta
 

No que se refere a Vladimir Putin, um dos tópicos essenciais que temos de destacar é a comunicação violenta. Afinal, há diferentes formas de se praticar esse tipo comunicação, mas nem sempre as pessoas se dão conta e, assim, acabam sendo agressivas sem perceber.

 

A postura de Putin, principalmente em seus pronunciamentos e entrevistas, acaba sendo extremamente acusatória e reativa. O uso do termo “você”, repetidas vezes, para referir-se ao fato de os Estados Unidos colocarem mísseis nas fronteiras da Rússia, mostra que o presidente delega toda a culpa do conflito aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em outras palavras, a comunicação de Putin é declaradamente violenta, embora seja uma violência relativamente sutil.

 

Vladimr Zelensky e o mantimento da postura
 

Apesar de ser um político inexperiente, o presidente da Ucrânia tem conseguido se manter firme no discurso que proferiu desde o início do conflito, de permanecer no país independentemente do que pudesse acontecer. Dessa forma, ele demonstra uma coerência entre discurso e atitudes, ainda que os pronunciamentos de Putin sejam por vezes ameaçadores e acusadores.

 

O fato de Zelensky ser ator e saber lidar com a comunicação, certamente, o auxilia no trato com os seus conterrâneos.

 

Jair Bolsonaro e a falta de assertividade
 

Ao indicar, em um primeiro momento, que permaneceria “neutro” quanto ao conflito entre Ucrânia e Rússia, Bolsonaro assumiu a sua posição na situação. No entanto, como já é sabido, em uma entrevista coletiva, o presidente do Brasil fez troça com o fato de os ucranianos terem entregado a liderança do país a um comediante.

 

A escolha pela neutralidade, seguida de um discurso não coerente, demonstra falta de assertividade. Ou seja, uma espécie de insegurança ou falta de firmeza no próprio discurso. A assertividade é um dos elementos essenciais para que uma comunicação seja passível de credibilidade. Sem isso, há um grande risco de o público não confiar no que está sendo dito.

 

Joe Biden e a persuasão
 

Assim como Putin, o presidente americano estabelece um discurso acusatório e ameaçador. Isso fica claro quando diz que a Rússia irá “pagar caro” pelo que está acontecendo. O fato, porém, é que Biden está sabendo utilizar a situação em seu favor, buscando convencer o público de que sua via é a correta e a da Rússia, incorreta. Para tal, desenvolve a sua própria narrativa, que inclui palavras-chave como “liberdade”, para se referir à sua suposta causa, e “ditador” ou “assassino” para se referir a Putin.

 

Xi Jinping e o interesse próprio
 

O presidente da China, por sua vez, busca sempre defender os seus interesses e manter a sua credibilidade. Ele afirma ser favorável à via da paz, da resolução diplomática do conflito, embora prefira não chamar de “invasão” o que a Rússia está fazendo com a Ucrânia -- o que, consequentemente, faz com que pareça estar favorável ao posicionamento dos russos.

 

Num momento em que a internet possui um fortíssimo potencial político, assumir o discurso “geral” é uma maneira de manter certo controle das opiniões, já que um pronunciamento declarado para um dos lados pode causar problemas sérios a curto ou longo prazo.

 

Laila A. Wajntraub é fundadora e CEO do Clube da Fala. Fonoaudióloga e professora de oratória, tem vasta experiência com especialização em fonoaudiologia empresarial, conhecimentos em neurociência, teatro e é pós-graduada em psicologia positiva. Trabalha com oratória em cursos, palestras, consultorias individuais e empresariais há 20 anos.

 

Sobre o Clube da Fala
 

O Clube da Fala é atualmente referência nacional por utilizar conceitos de Fonoaudiologia, Psicologia Positiva, Metodologia DISC, Neurociência, Programação Neurolinguística (PNL), técnicas de Oratória e Teatrais e tem como meta treinar e desenvolver cada vez mais pessoas com os seus cursos presenciais e online de excelência. A instituição já capacitou a comunicação de mais de 10 mil alunos e tem hoje diversas empresas filiadas, entre clientes e parceiros. Como por exemplo: Bank of America, IBM, Grupo Trigo, Pinheiro Netto Advogados, Radix, B2W, YDUQS, Anatel, ETALENT, Petrobras, Subsea7, Prudential entre outros.


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