Ele disse ter esperado muito pelo momento de poder entrar nas casas para o levantamento. “Já sabemos que 16 das 69 pessoas que morreram no município este ano de Covid, até o dia 10 de fevereiro, não tomaram nenhuma dose da vacina. Outras 53 estavam com o esquema vacinal incompleto. Temos hoje em Campos cerca de 30 mil pessoas com 18 anos ou mais não vacinadas e 30 mil crianças na mesma situação. Queremos tentar fazê-los entender que a vacina é segura. Vamos procurar saber também se há pacientes acamados ou com comorbidades que não foram vacinados. Em caso positivo e com consentimento da família, enviaremos uma equipe a casa para a devida imunização”, explicou o médico, ressaltando que o formulário contém ainda outras perguntas como “Você acredita na vacina? Se não acredita, qual é o motivo?”
O coordenador de Imunização da secretaria de Saúde, Leonardo Cordeiro, fez uma explanação da eficácia de cada imunizante disponível nas unidades de saúde. Ele também apresentou o questionário que os agentes irão preencher durante as visitas domiciliares.
A médica psiquiatra Lana Maria Pereira da Silva também participou do encontro, falando sobre os efeitos da pandemia na saúde mental. Segundo ela, os agentes devem estar preparados para encontrar pessoas resistentes à vacina por medo, angústia e precisarão entender que isso é legítimo e trabalhar para tentar reverter esse quadro. “A pandemia tornou o Brasil um dos países mais ansiosos do mundo. As pessoas estão no seu limite e a um passo de explodir”, afirmou.
Atualização:
Teve início, na manhã desta quarta-feira (23), a busca ativa de pessoas não vacinadas contra a Covid-19 ou que estão com o esquema primário incompleto em Campos. A ação é realizada pelos Agentes de Combate às Endemias, do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), em parceria com a Subsecretaria de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde (SUBPAV).
A estimativa é de que 55 mil campistas com idade igual ou superior a 5 anos ainda não receberam nenhuma dose do imunizante. Outras 20 mil não receberam a segunda dose e cerca de 49 mil pessoas acima de 18 anos que receberam a segunda dose há quatro meses estão aptas para a terceira dose, mas não voltaram aos postos.
A busca ativa está sendo realizada por cerca 400 ACEs, sendo 240 concursados da Prefeitura e 160 do Ministério da Saúde, de forma simultânea em todos os bairros do município, que tem mais de 4 mil quilômetros de extensão.
“O formulário da busca ativa está sendo preenchido durante a visita domiciliar de rotina para combate ao mosquito transmissor de dengue, zika e chikungunya. O objetivo principal é identificar as pessoas que não foram vacinadas, o porquê não foram vacinadas e se elas querem ser vacinadas”, explicou o diretor do CCZ, Carlos Morales.
Para as pessoas que aceitarem receber a vacina, os agentes de endemias irão indicar o posto mais próximo ou, em caso de dificuldade de locomoção, irá comunicar ao Departamento de Vigilância Epidemiológica que irá designar uma equipe itinerante para ir ao local fazer a vacina. “Estaremos atuando como facilitadores, tentando convencer essas pessoas da importância da vacina e encontrar a melhor maneira para que sejam vacinadas”, disse Morales.
Uma das famílias visitadas pelos agentes foi a dos irmãos Maria Auxiliadora Imbeloni de Oliveira, de 65 anos, e Francisco Eduardo Imbeloni, de 68 anos. Eles moram no bairro Nova Brasília. No imóvel, todos já receberam as três doses da vacina e a neta de Maria, de apenas oito anos, recebeu a primeira dose.
Maria revelou que em abril do ano passado chegou a ficar mais de 20 dias internada após ser infectada pelo coronavírus. “Quando tive Covid-19 ainda não tinha vacina para minha idade. Foram dias muito difíceis. A vacina é muito importante, pois minimiza casos como o meu e, por isso, falo para quem ainda não se vacinou que tome a vacina”, disse.
“Tomei as três doses e só tive uma reação pequena quando tomei a primeira. Tenho marcapasso e hoje estou bem e seguro. Não tenham medo de tomar a vacina, tenham medo de morrer”, completou Francisco.
A busca ativa será realizada de segunda a sexta-feira no horário das 8h às 17h. Todos os agentes de combate às endemias estão devidamente uniformizados e com crachá com QR code, que irá facilitar a identificação do profissional, caso seja necessário.
Desde 19 de janeiro do ano passado, quando foi iniciada a campanha de vacinação contra a Covid-19, até segunda-feira (21), 395.390 pessoas receberam a primeira dose. Já os que receberam a segunda dose ou dose única, somam 345.118. Desse total, 150.135 receberam a terceira dose e 334 com a quarta dose (imunocomprometidos).