Pelo menos quatro cidades do Rio de Janeiro registraram um aumento de casos de síndrome gripal nas últimas três semanas, segundo um levantamento feito pela CNN. Na capital carioca, 21 mil pessoas foram diagnosticadas com influenza H3N2 neste período.
Por falta de doses da vacina contra a doença, a capital suspendeu a imunização no último sábado (4). Segundo a secretaria municipal de saúde (SMS), a cidade deve receber uma nova remessa nesta terça-feira (7).
Em Duque de Caxias, na baixada fluminense, foi registrado um aumento de 300% nos atendimentos da rede municipal de saúde. Na Região Serrana, também foi identificada uma procura maior nos postos, como nas cidades de Nova Friburgo e Petrópolis.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), em todo o estado, os atendimentos passaram de uma média de 189 atendimentos por dia, no período de 16 a 21 de novembro, para 1.000 atendimentos por dia no período de 22 a 28 de novembro. O aumento corresponde a 429%, sendo maior o número de atendimentos em adultos.
O Ministério da Saúde informou que, em 2021, já foram aplicadas cerca de 67 milhões de doses da vacina contra a gripe em todo o País, até o momento. Esse quantitativo representa uma cobertura vacinal de 70,9%, considerando o público-alvo da campanha.
Em 2019, a cobertura vacinal foi de 91% (54,4 milhões de pessoas); em 2020, 96% (50,7 milhões de pessoas). A pasta ressaltou que a imunização de rotina, incluindo a de Influenza, é mantida ativa, e a orientação é para que a população procure os postos de saúde para atualizar a caderneta de vacinação.
Em entrevista à CNN, o Infectologista e Presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, explicou que o vírus influenza tem um padrão de circulação sazonal definido, concentrando a maioria dos casos no inverno. Porém, com a pandemia da Covid-19, o Brasil está enfrentando uma situação extemporânea do vírus da gripe.
“Houve um represamento de casos em função do distanciamento, do uso da máscara, e o predomínio ecológico do SARS- Cov-2, reprimiu a circulação de outros vírus, que ficaram represados nesse período sem nenhuma oportunidade de circulação. Agora a retomada, como a volta às aulas, volta presencial ao trabalho, ao transporte e aos estádios, tem promovido uma circulação fora do habitual desses vírus”.
Sobre a situação do Rio de Janeiro, Kfouri ressaltou que o vírus predominante, H3N2, está contido na vacina trivalentes que o SUS disponibiliza, assim como a H1N1. Ele vê com preocupação a baixa cobertura vacinal para a gripe durante a pandemia.
“O governo disponibilizou a vacinação para todos que quisessem porque os grupos prioritários não compareceram, e agora estamos vivenciando essa epidemia com baixas coberturas vacinais. A vacina, em geral, vence no fim do ano, e vamos receber as vacinas para 2022 já em março, ou seja, a vacina reformulada para as variantes que vão circular no próximo ano. Essa variante que está circulando agora parece um pouco diferente da que está nesta vacina. De qualquer forma, a recomendação é que se alguém do grupo de risco ainda não se vacinou, vacine-se.” alertou o médico.
De acordo com os últimos dados do Boletim Infogripe, além do Rio de Janeiro, mais 12 estados do país apresentaram aumento das notificações de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) provocada pelo vírus Influenza A (gripe).
A maior incidência foi verificada em todas as faixas etárias abaixo dos 60 anos. Os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia e São Paulo completam a lista de alerta divulgada pela Fiocruz.