17/09/2021 às 13h16min - Atualizada em 17/09/2021 às 13h16min

GAS Consultoria Bitcoin avisa aos investidores que vai parar com os pagamentos

Jornal Aurora - Redação
Rafael Khenaifes Abud
Divulgação
A GAS Consultoria, empresa localizada em Cabo Frio e que pertence a Glaidson Acácio dos Santos, ex-garçom preso sob a suspeita de comandar um esquema de pirâmide financeira, começou a enviar avisos aos clientes informando que irá interromper os pagamentos pendentes até que as contas vinculadas ao grupo sejam desbloqueadas pela Justiça.

De acordo com o texto, o valor retido por decisões judiciais totaliza 5,2 bilhões de dólares, o equivalente a pouco mais de R$ 27 bilhões na cotação atual. "Meu supervisor afirma que todo capital bloqueado é suficiente para honrar uma eventual quebra de contrato por parte da empresa", explicou a consultora da GAS aos participantes do grupo. "Ou seja, a empresa tem 90 dias para devolver 100% do capital investido", continua a mensagem, acrescentando que, se a Justiça desbloquear as contas dentro desse período, "a empresa irá retomar todos seus pagamentos normalmente". O comunicado frisa ainda que, a partir desta quinta-feira, dia 16 de setembro, a GAS "não efetuará os pagamentos aos clientes até que os valores em posse da Justiça sejam liberados".

A empresa de Glaidson prometia aos investidores retorno de 10% ao mês mediante supostas transações com criptomoedas, embora, segundo o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF), não possuísse sequer registro junto aos órgãos regulatórios para fazer as operações prometidas. No aviso remetido aos clientes, a funcionária faz um adendo: "Por motivos óbvios, por não nos tratarmos de uma pirâmide, nenhum contrato será mais aceito até segunda ordem".

Em outro grupo com clientes da empresa, coube à assessoria da GAS compartilhar um texto com esclarecimentos. Embora, nesse caso, não haja menção explícita à suspensão de depósitos, a nota também cita as decisões judiciais que arrestaram valores ligados a Glaidson: nela, a empresa diz "ter requerido à Justiça o desbloqueio de bens, ao menos no limite necessário para evitar atrasos de pagamentos ajustados, o que não decorre de sua vontade ou responsabilidade".

O montante total supostamente bloqueado citado por esse segundo comunicado, aliás, é ainda maior, de R$ 38 bilhões, "valor muito superior ao montante global de seus compromissos com seus contratantes", afirma o texto, que prossegue: "A GAS Consultoria comunica ainda que possui patrimônio mais do que suficiente para honrar todas as obrigações assumidas". A mensagem pontua também que a "maior luta" da empresa é pelo "compromisso de cumprir, como vem cumprindo há mais de nove anos, a missão de remunerar seus clientes, contribuindo para mudança na vida das pessoas".

Desde a última quarta-feira, clientes da GAS já vinham usando as redes sociais e grupos privados no WhatsApp para reclamar de atrasos nos depósitos previstos. Na ocasião, em mais um comunicado aos investidores, o setor jurídico da empresa informou que, até então, o Departamento Administrativo e Financeiro, encarregado dos pagamentos, não havia relatado nenhum problema ou demora no repasse de valores.

Além dos bens retidos por ordem da Justiça, clientes que se sentiram lesados pela GAS e moveram processos também vêm conseguindo bloqueios judiciais em contas da empresa. Em pelo menos cinco de mais de uma dezenas de ações localizadas pelo GLOBO, já há decisões determinando a medida, em um montante que totaliza R$ 290 mil.

Na Operação Kryptos, que resultou na prisão de Glaidson, os agentes apreenderam 21 carros de luxo, R$ 13,8 milhões em espécie e 591 bitcoins, o equivalente a cerca de R$ 150 milhões na cotação atual. Na última segunda-feira, a Câmara Criminal do Ministério Público Federal, vinculada à Procuradoria-Geral da República (PGR), autorizou a liquidação imediata dos criptoativos apreendidos na ocasião. O valor em moeda nacional arrecadado com a venda será depositado em conta judicial vinculada ao juízo onde tramita o processo, que também deverá estar de acordo com a iniciativa.

Em um primeiro momento, os criptoativos vinculados a Glaidson haviam sido transferidos temporariamente para uma conta aberta pelo MPF em uma corretora brasileira de bitcoins e criptomoedas. Entretanto, de acordo com os investigadores, esse procedimento trazia o risco de que os valores fossem movimentados pela organização criminosa, "já que as transações são feitas sem intermediários, por meio de chaves privadas que podem ser recuperadas à distância", explicou, por nota, o MPF.



 
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