27/07/2021 às 14h23min - Atualizada em 27/07/2021 às 15h06min

Problemas de oclusão dentária atingem mais da metade das crianças

Julho Laranja alerta para os cuidados ortodônticos na infância

DINO
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Cerca de 66% das crianças de 5 anos possuíam uma condição de oclusão dentária, como sobressaliência, sobremordida e mordida cruzada, de acordo com dados da última Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, realizada em 2010 pelo Ministério da Saúde.

Entre as consequências da má oclusão dentária estão dificuldade de mastigação ou de fala, perda precoce de um ou mais dentes, presença de cárie extensa, desgaste e defeitos na formação dos dentes e assimetrias. 

É normalmente na fase de desenvolvimento dos dentes de leite ou de erupção dos dentes permanentes que os pais ou responsáveis costumam notar algo errado na mordida das crianças.

Má oclusão dentária x má oclusão esquelética

Quando a mordida não encaixa perfeitamente por alguma alteração nos dentes é a chamada má oclusão dentária. Se o problema está no encaixe da mandíbula com a maxila ou na estrutura óssea, trata-se da má oclusão esquelética. Mas, somente com os exames diagnósticos clínicos e radiográficos é possível determinar se a má oclusão é dentária, esquelética ou ambas.

“A má oclusão dentária é mais fácil de ser tratada, podendo ser corrigida até os seis anos de idade. A má oclusão esquelética pode aparecer desde a dentição decídua ou mista, também na infância, e a intervenção nessa faixa etária pode eliminar ou diminuir significativamente o problema. Por isso, quanto antes for iniciado o tratamento, melhor para o desenvolvimento e para a saúde da criança. Na fase adulta, as alterações são estruturais e levam mais tempo, ocasionando maior custo e risco de recidiva”, explica Renata Orsi, presidente da Câmara Técnica de Ortopedia Funcional dos Maxilares do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP). 

Acompanhamento profissional é fundamental 

As consultas com um cirurgião-dentista devem ser iniciadas antes mesmo do nascimento, pois é na gestação que a mãe receberá as orientações sobre a postura correta na hora de amamentar e os hábitos saudáveis de sucção para o bebê, principalmente se forem utilizadas mamadeiras e chupetas. Para Luciana Iwamoto, presidente da Câmara Técnica de Ortodontia do CROSP, os pais precisam entender a necessidade de procurar um especialista.

“Se não for possível o acompanhamento desde o nascimento, é necessário consultar um ortodontista quando a criança iniciar a troca dos primeiros dentes. Esse acompanhamento possibilita que algumas intervenções sejam oferecidas para evitar uma má oclusão futura”, conta. “Algumas más oclusões apresentam elevada complexidade terapêutica e elevada instabilidade. Quando se perde a oportunidade de tratamento na infância, as consequências são muitas vezes complicadas”, completa. 

“Fatores genéticos podem se expressar nos filhos, que também recebem interferências do meio ambiente, como os hábitos transmitidos pela família. Esses pacientes precisam ser avaliados em todos os aspectos esqueléticos, oclusais e funcionais”, alerta Renata.

A troca dos dentes de leite pelos permanentes também precisa ser observada, principalmente se a criança aparentar ter falta de espaço na arcada dentária para a erupção normal dos dentes, perda dentária precoce ou demora para a troca de dentição e desalinhamento.

Tratamentos

O tratamento dependerá do tipo de má oclusão. A mordida pode ser corrigida, inicialmente, com massagem digital em bebês, antes mesmo da erupção dos dentes, ou por ajuste, quando há a dentição decídua completa. O uso de aparelhos ortopédicos funcionais é indicado por volta dos três anos e meio aos quatro anos de idade. Mas, de modo geral, o tratamento pode ser preventivo, interceptativo, corretivo e ortocirúrgico, podendo ser realizado com aparelhos fixos e/ou móveis.

Se não tratada, a má oclusão pode acompanhar o paciente por toda a vida, interferindo em sua respiração, postura, mastigação, fala e estética, além de provocar dores com consequências físicas e emocionais. “Sempre há tempo para correção, é claro, nunca é tarde. Mas quanto antes for iniciada, melhor para o paciente”, afirma Luciana. 

 



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