A divulgação dos primeiros resultados da cidade de Serrana, apresentado pelo Instituto Butantã na data de 31 de maio, mostrou duas faces diferentes para acabar com pandemia. A primeira, positiva, que ter cobertura vacinal acima de 75 % numa população impacta radicalmente na ocorrência de mortes, nas formas graves da doença, e mesmo na incidência da doença, o que alivia o sistema de saúde. A segunda, que preocupa é o fato que somente com uma larga cobertura vacinal isso será alcançado. Dados da Organização Mundial da Saúde, do último dia 01º de junho, mostram a ocorrência de 170 milhões de casos confirmados de Covid-19. Se admitirmos que sejam pessoas diferentes, são 2,21% da população mundial, de dezembro de 2019 a maio de 2021. Então ainda há indivíduos suscetíveis capazes de prorrogar a pandemia por muitos anos, confirmando que a imunidade de rebanho por contágio é uma falácia que só provoca perdas de vidas. Porém temos vacina! Isso muda alguma coisa? Então vamos discutir a vacinação no mundo. Ainda segundo a OMS, estão vacinadas com duas doses 1,7 bilhão de pessoas que representam 20% da população mundial, num período de novembro/dezembro de 2020 até maio de 2021, com forte concentração em poucos países. Quando vamos atingir um mínimo de 75% da população mundial vacinada? Quando termina a pandemia? Perguntas complexas para serem respondidas. Estimo iremos conviver com epidemias localizadas até 2024, isso se tivermos um fluxo contínuo de vacinação. Vamos voltar aos dados de Serrana. A cobertura vacinal de 95,7% foi alcançada no período de sete semanas, que causa um impacto imediato nos resultados, porque diminui a exposição entre doses, e no período de 15 dias após a segunda dose. Algumas vacinas possuem um período entre doses de 90 dias, o que retarda o alcance da cobertura. Mesmo que consigamos atingir a imunidade coletiva por vacinação, será apenas em adultos porque hoje as vacinas estão sendo utilizadas, na grande maioria dos países, somente para adultos acima de 18 anos. Crianças e adolescentes serão os próximos suscetíveis ao vírus, podendo se tornar uma doença infantil. A Covid-19 dificilmente será uma doença erradicada pela própria característica dos coronavírus. Então lutemos por mais vacinas e continuaremos com medidas de proteção como uso de máscara, lavagem das mãos e distanciamentos social. (*) Profª Drª Ivana Maria Saes Busato é coordenadora dos Cursos Superiores de Tecnologia em Gestão de Saúde Pública e Gestão Hospitalar, do Centro Universitário Internacional UNINTER, membro do Comitê de Ética em Pesquisa e do Conselho de Pesquisa da UNINTER