O número de latrocínios no Rio de Janeiro diminuiu 65% no mês de março. Também tiveram redução os índices de homicídio doloso (37%), de roubo de veículo (30%), de carga (38%). Os roubos no comércio diminuiram 29%, no interior de coletivo teve uma redução de 10% e o roubo a residência caiu 20%.
Os dados preliminares mostram uma comparação com março de 2018 e foram divulgados nesta quarta-feira (03) pelo secretário da Polícia Militar, coronel Rogério Figueredo de Lacerda, em palestra na Laad Defence & Security, feira do setor de defesa e segurança que começou ontem no Rio Centro, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Segundo os dados consolidados do Instituto de Segurança Pública do estado (ISP), em 2018, março foi o mês que apresentou o maior número de homicídios dolosos no estado, com 508 registros. O número de latrocínios foi 20, menor apenas que fevereiro (21) e janeiro (23) no ano passado. Março de 2018 teve 5.358 registros de roubo de veículo, o recorde da série histórica iniciada em 2003, e 918 roubos de carga, o segundo mais alto do ano.
De acordo com o secretário, os dados indicativos da atividade policial também melhoraram no trimestre, com 1.827 armas apreendias, sendo 133 fuzis; 823 granadas e artefatos, 8.493 prisões e 1.485 apreensões de menores.
Sobre as mortes por intervenção de agentes do estado, que somaram 1.534 no ano passado, o mais alto desde que começou a medição, há 16 anos, e que em janeiro passou de 157 em 2018 para 160 em 2019 e em fevereiro saltou de 102 para 145, incluindo a chacina de 15 pessoas nas comunidades do Fallet, Fogueteiro e Coroa no Rio Comprido, e Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, região central da cidade, no dia 8, o secretário disse que também faz parte do trabalho da polícia.
“Quando a gente avalia o número de apreensões de armas, de fuzis, drogas e o número de pessoas presas é um trabalho operativo das polícias, se a pessoa que está sendo abordada ela não se rende, a gente faz o nosso trabalho de forma a ter a efetividade do resultado”.
Com relação ao uso de snipers (atiradores de elite) pelas forças estaduais, com o governador Wilson Witzel defendendo a prática e o Ministério Público questionando, o coronel Figueredo disse que há planejamento.
“A utilização de snipers tem um protocolo, não é utilizado de forma aleatória. As nossas ações têm um planejamento para uma execução de um trabalho onde a gente tem a responsabilidade do nosso trabalho. É isso que norteia hoje o trabalho da Polícia Militar”.
Intervenção federal
Na palestra, o Coronel Figueredo afirmou que as ações da intervenção federal em 2018 foram “interessantes”, mas que “não tiveram um impacto tão grande no cenário do Rio de Janeiro”, com reduções pouco efetivas dos índices de criminalidade. Ele reconheceu que o trabalho de integração entre as forças e o investimento financeiro de R$1,2 bilhão em equipamentos e viaturas para as corporações foi importante. Ele elogiou também a reestruturação das unidades de Polícia Pacificadora.
“Para fazer policiamento ostensivo precisamos de viaturas, homens, armamento, munição e planejamento. Sem esses equipamentos não haverá policiamento. Tínhamos 56% das nossas viaturas baixadas no ano passado. No efetivo, temos um déficit de 17 mil homens. Armas e munições estamos num bom momento, mas na comparação com ciclos anteriores, tivemos momentos em que faltaram”.
Na mesma palestra, o consultor em Segurança Pública coronel José Vicente da Silva Filho destacou que a redução nos índices de criminalidade no período da intervenção não foi significativa e alguns indicadores tiveram aumentos graves para a segurança pública.
“Tivemos o aumento de 56,6% nos tiroteios, sendo 60 tiroteios com mais de 2 horas de duração. Ao todo, 170 escolas ficaram na linha de tiro, foram 189 vítimas de bala perdida, com 36 mortos. A Vila Kennedy, que foi modelo da intervenção, registrou 17% a mais de homicídio e 174% mais trocas de tiros”.
O coronel Carlos Eduardo de Franciscis, integrante do Observatório Militar da Praia Vermelha, afirmou que a intervenção apresentou “resultados incontestes”. “Tenho a convicção de que o Rio de Janeiro foi entregue com situações muito melhores do que em fevereiro de 2018”, disse, destacando que os recursos de R$1,2 bilhão aplicados correspondem a 6 anos de investimento do estado para o setor.