O Ministério Público do Rio entrou com mais uma ação na Justiça contra os ex-governadores do Rio Sérgio Cabral (MDB) e Luiz Fernando Pezão (MDB). Os promotores pedem a condenação por improbidade administrativa e a indisponibilidade de mais de R$ 300 milhões.
Segundo a denúncia dos promotores do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc), o então governador Cabral atuou como arrecadador de dinheiro para a campanha de Pezão em 2014. Naquela época, Pezão era vice-governador e acumulava o cargo de secretário estadual de obras.
Cabral admitiu, em depoimento, que houve diversas reuniões no Palácio Guanabara com grupos empresariais para informá-los da "transição" dos esquemas de propina e apresentá-los a Pezão.
A denúncia diz ainda que Cabral solicitava essas contribuições com prévio conhecimento e anuência de seu vice. Os pagamentos ocorriam de variadas formas: desde doações declaradas , passando por caixa dois a pagamentos em espécie.
A entrega de dinheiro, segundo os promotores, poderia ocorrer no Brasil ou no exterior, por meio de transações por empresas offshore.
Caixa dois da Odebrecht
Segundo o documento, os pagamentos de caixa dois do grupo empresarial Odebrecht para a campanha de Pezão ao governo do Estado do Rio em 2014 foram direcionados a serviços de propaganda prestados pela empresa Prole.
O acerto ocorreu entre Sérgio Cabral, Pezão, Hudson Braga, que era responsável financeiro pela campanha, e também com o sócio e administrador da Prole, Renato Pereira. A empresa e esses cinco acusados são justamente o alvo dessa ação civil pública.
Em depoimento na última-sexta feira (29) ao MP, Cabral, que já foi denunciado 29 vezes, disse que a campanha de Pezão custou R$ 400 milhões.
No caso da Odebrecht, a razão do caixa 2, segundo os promotores, era manter o mesmo tipo de relacionamento privilegiado com o governo, principalmente para evitar atrasos nos pagamentos nas obras da linha 4 do metrô.
Segundo os promotores, Pezão atuou para atender aos interesses do consórcio da linha 4, assinando um quarto termo aditivo do contrato de obras, que adiou o início da operação comercial do metrô e elevou o custo total das obras em R$ 853 milhões.