25/10/2019 às 08h39min - Atualizada em 25/10/2019 às 09h57min

Desigualdade na distribuição de mamógrafos e radiologistas no Brasil prejudica diagnóstico

Estudo publicado este ano pelo CBR aponta disparidade para radiologia pública e privada nas demais regiões do Brasil

DINO
Reprodução

Uma grande bandeira da campanha Outubro Rosa é estimular o autoexame e a mamografia de rastreio, que são ações fundamentais para o diagnóstico precoce da doença, o que possibilita o tratamento na fase inicial do câncer e aumenta as chances de cura. Mas, além da conscientização, um estudo recente do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) mostrou que nem tudo é perfeito. A pesquisa aponta que a desigualdade de distribuição de equipamentos de mamografia e até mesmo radiologistas no Brasil é alarmante.

O estudo, de 2019, publicado pelo CBR, intitulado "O Perfil do Médico Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem no Brasil", realizado em parceria com pesquisadores do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, teve como objetivo principal traçar as características e a distribuição dos médicos especialistas em radiologia e diagnóstico por imagem no Brasil, assim como descrever a oferta de equipamentos, serviços e exames de diagnóstico por imagem nos setores público e privado da saúde em cada região do Brasil, além de comparar dados e apontar disparidades.

"O objetivo do CBR é fornecer dados e provocar reflexão. Pois a evidência científica deve nortear as discussões e proposições para o futuro da especialidade e para a garantia da saúde da população. Esse estudo buscou responder quantos são e onde estão os médicos brasileiros que se dedicam ao diagnóstico por imagem e apresenta dados sobre a capacidade de formação de especialistas e o cenário da oferta de equipamentos e exames no sistema de saúde público e privado. Também chamamos a atenção para o acesso da população aos exames de imagem, que apresenta grande discrepância no território nacional", esclareceu o presidente do CBR, dr. Alair Sarmet Santos.

Se considerarmos apenas a oferta no Sistema Único de Saúde (SUS), o número de mamógrafos disponíveis para atendimento na rede nacional é de 2.102 (1,3 aparelho para cada 100 mil habitantes). A região com a maior oferta de equipamentos é a Sudeste (847), enquanto a região Norte possui a menor oferta (145). São Paulo é o estado que conta com a maior disponibilidade de equipamentos do sistema público (402), enquanto o Amapá possui a menor (2).

Quanto aos equipamentos em relação ao número de usuários do SUS por unidade da federação, a menor densidade observada é no estado do Amapá (0,26), seguida dos estados do Acre (0,36) e do Maranhão (0,46). Já a Paraíba (2,28), o Rio Grande do Sul (1,96) e Santa Catarina (1,94) são os estados com a maior densidade.

A pesquisa também destaca que há desigualdade entre os setores público e privado, sendo o último mais favorecido proporcionalmente ao tamanho da população assistida pelo SUS e pelos planos e seguros de saúde. Com esses dados, os pesquisadores criaram um Indicador de Desigualdade Público-Privado, chamado de IDPP.

No caso dos mamógrafos, no Brasil como um todo, o IDPP é de 4,72, ou seja, usuários do setor privado (quem tem plano de saúde) têm à disposição 4,72 vezes mais mamógrafos do que a população que usa exclusivamente o SUS.

Mato Grosso do Sul (81,09), Acre (60,61) e Paraíba (53,62) são os estados que possuem os maiores índices de desigualdade público-privada. Já Amazonas (1,38), Santa Catarina (2,53) e Paraná (3,19) têm as menores discrepâncias público-privadas.


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