MST faz acampamento às margens da BR-101 em Campos

O Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou na manhã desta segunda-feira (15), uma ocupação com cerca de 300 famílias, às margens da BR 101, em Campos, com o lema “Ocupar para o Brasil Alimentar”. A Polícia Militar chegou a cercar o Assentamento Josué de Castro, sem nenhuma explicação, com diversas viaturas e policiais intimidando assentados em uma a área regularizada desde 2007. 

Segundo informações divulgadas nas redes sociais, o Secretário de Segurança Pública se comprometeu abrir mesa de diálogo com o comando local, o INCRA e as famílias assentadas.  

A ocupação faz parte da Jornada Nacional em Defesa da Reforma Agrária, o Abril de Lutas, enfatizando a necessidade da Reforma Agrária como o único caminho para garantir segurança alimentar, proteção ambiental e a democracia da terra.

O mês de abril é conhecido por relembrar o Massacre de Eldorado dos Carajás, quando a Polícia Militar do estado do Pará assassinou 21 trabalhadores rurais ligados ao MST. E a cada ano, o MST lembra desse episódio para que não seja esquecido e para que nunca mais aconteça.

O Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) emitiu uma nota sobre a ação da Polícia Militar em Campos. 

''28 anos depois, a luta pela terra segue sendo criminalizada em uma aliança entre proprietários rurais e agentes dos órgãos de segurança pública, são as milícias rurais sob a alcunha de “invasão zero”.

Por isso não aceitamos que as polícias de Campos dos Goytacazes continuem movendo esforços para impedir o direito de reunião, a liberdade de associação, o cooperativismo e a efetivação do direito à reforma agrária.

Ocupamos para denunciar a intimidação e coerção das polícias Civil e Militar do estado Rio de Janeiro que ignoram que a Reforma Agrária é uma política pública constitucional.

De acordo com o Ministério da Cidadania do Governo Federal, os dados do Cadastro Único revelam 236.525 pessoas em estado de vulnerabilidade social no último ano em Campos dos Goytacazes. Onde há dezenas de processos de desapropriação paralisados no Poder Judiciário e que poderiam se tornar novas áreas de assentamento e de produção de vida e comida de verdade. 

Nas áreas que já foram destinadas à Reforma Agrária é necessário garantir políticas públicas de créditos, infraestrutura, saúde, educação e cidadania, possibilitando melhor qualidade de vida às famílias assentadas.

A ocupação exige a necessária e imediata regularização e seleção das famílias do Assentamento Cícero Guedes, que lutam há mais de 20 anos e que devem ter garantido o seu direito à terra.

Mesmo com o desmonte das políticas do campo, o MST continuará na luta pela Reforma Agrária Popular.''

Em nota, a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que, equipes da corporação e da Polícia Civil desencadearam uma operação conjunta na região do Morro do Coco, em Campos, com o objetivo central de garantir a segurança e a ordem na região diante da possibilidade de invasões ilegais a propriedades locais.