14/04/2023 às 13h07min - Atualizada em 16/04/2023 às 00h00min

Armamento, controle e violência 

*Gerson Luiz Buczenko 

SALA DA NOTÍCIA Valquiria Cristina da Silva Marchiori

O tema “armamento” é espinhoso em qualquer realidade que possamos analisar. Nos leva a pensar na verdadeira necessidade de uma sociedade portar uma arma de fogo em pleno século XXI, mas também por estarmos acompanhando uma guerra no continente europeu que impacta o mundo e devido ao passado recente de inúmeros conflitos, incluindo duas guerras mundiais. Pensar em armamento também nos levar a refletir de uma forma muito lógica em controle e fiscalização de todos os que possuem uma arma de fogo, considerando os vários aspectos que estão em jogo, desde a condição psicológica e até mesmo, as questões culturais que envolvem o tema. 

Armamento, bem ou mal, também está diretamente relacionado à violência, sendo que muitas das justificativas para se portar uma arma de fogo tem como principal argumento, a defesa de si próprio, da família e da propriedade, de uma, em tese, injusta agressão, não necessariamente armada.  

É um tema espinhoso e grave. Dados dos institutos Igarapé e Sou da Paz mostram que o número de armas no país alcançou o patamar de 3 milhões entre 2019 e 2022. Somente no ano passado foram adquiridas mais armas em comparação ao acumulado de 2018, 2019 e 2020. Para complicar esse quadro um pouco mais, informações dão conta de que o Exército Brasileiro não sabe informar quantas armas existem em cada cidade brasileira nas mãos de caçadores, atiradores esportivos e colecionadores (CACs).  

O atual governo, nos primeiros discursos oficiais, mostrou a necessidade do controle do armamento que foi flexibilizado em sua aquisição no governo anterior (2018-2022). Dessa forma, o atual Ministro da Justiça tem realizado muitos esforços no sentido de estabelecer o recadastramento de armas. Segundo ele até o momento foram recadastradas mais de 880 mil armas. O prazo final para recadastramento termina no dia 03 de Maio.  

A realidade exposta e estatísticas avassaladoras mostram que há muito o que se fazer para pacificar o Brasil. Vivemos num país com dimensões continentais e realidades tão distintas em termos de controle estatístico. Nas grandes cidades há uma guerra urbana na qual morrem adultos, crianças e, infelizmente, uma grande maioria de jovens em idade altamente produtiva e criativa que farão muita falta para o futuro do país.  

É desejo de todos que o nosso país possa equacionar esse problema o mais rápido possível. Não dá para almejar um cenário de paz e tranquilidade, sem instituições públicas que venham a nos convocar diariamente para esse intento que, repito, é de todos, como também deve ser (no sentido do dever Kantiano) de todos os que administram a coisa pública. Assim, ou nos unimos por essa luta ou, nos unimos para prantear pelos entes queridos de todas as famílias, que perdem a vida todos os dias em nosso país, em razão da violência desmedida e em grande monta, praticada por armamentos que proliferam ilegalmente.  

*Gerson Luiz Buczenko é Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Segurança Pública do Centro Universitário Internacional Uninter. 

 


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