14/07/2019 às 11h50min - Atualizada em 14/07/2019 às 11h50min

Operação investiga ostentação de chefes de facção dentro de cadeia

Alianças de ouro, cravejadas de pedras preciosas, e relógios de grife foram encontrados pelos agentes penitenciários

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Uma operação na penitenciária que abriga chefes da maior facção criminosa do Rio expôs o luxo e a ostentação atrás das grades, incompatíveis com a situação em que os presos se encontram e o ambiente hostil em que vivem. Alianças de ouro, cravejadas de pedras preciosas, e relógios de grife foram encontrados pelos agentes penitenciários, em março deste ano, na galeria B7 da Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho, conhecida como Bangu 3, no Complexo de Gericinó. O preço de um dos anéis, produzidos sob encomenda para os criminosos, é estimado em R$ 100 mil. Com o valor, seria possível custear os gastos de um preso por quase dois anos.

As alianças — 36 no total — seguem, a maioria, o mesmo padrão. São anéis grossos, de ouro, com os nomes das mulheres dos criminosos ou suas iniciais gravadas com pedras preciosas. Erica, Jucilane, Marcela, Gabriela e Joyce são alguns dos nomes que aparecem nas alianças. Dizeres como “Deus uniu” e “Amor eterno” também são lapidados nas joias, assim como desenhos de coração e flores, ambos preenchidos com pedras. Em um dos anéis, foi gravada a oração do Pai Nosso. Dentro dos presídios, é permitido o uso de alianças, mas só as finas.

Agentes penitenciários relatam que os bandidos fazem uma verdadeira competição de ostentação das joias entre eles, e todos querem ter as peças mais caras do cárcere.

 

Relógio Rolex de R$ 100 mil

Um dos relógios é da marca suíça Rolex, todo em ouro e com brilhantes no visor. O acessório não sai por menos de R$ 100 mil. Já o outro, um Hublot com brilhantes cravejados na pulseira, custa, em média, R$ 70 mil.

Segundo informações da Seap, os acessórios já foram avaliados e não são réplicas. Ambos são verdadeiros. Eles pertencem a dois criminosos que chefiam o tráfico de drogas em favelas da Baixada Fluminense.

A operação em Bangu 3 foi feita no início da gestão do atual secretário de Administração Penitenciária, coronel Alexandre Azevedo de Jesus, e contou com 250 agentes penitenciários. Ele critica as últimas gestões ao comentar os objetos apreendidos:

A ação realizada no início de março mostra a inércia em que se encontrava o combate à entrada de materiais ilícitos e a fiscalização nas unidades nos últimos anos.

Desde que assumiu a secretaria, Azevedo intensificou a repressão à entrada de objetos não permitidos no sistema prisional do Rio, principalmente telefones celulares e drogas, com visitantes e servidores.

“Estamos trabalhando em outra importante vertente, iniciando as licitações para adquirir equipamentos e utilizar a tecnologia como aliada para trazer maior controle e segurança ao sistema prisional”, afirmou.

 

Secretaria quer leiloar as joias

A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio (Seap) vai pedir autorização para leiloar as joias encontradas com os presos, já que não houve comprovação de que tenham sido compradas com dinheiro obtido de forma lícita. A pasta pedirá um parecer do Ministério Público estadual e da Vara de Execuções Penais para realizar a venda dos objetos. O dinheiro obtido será destinado ao Fundo Especial Penitenciário (FUESP) do estado do Rio, e poderá ser usado na construção de novas unidades prisionais, por exemplo.

 

Além dos anéis, os agentes também encontraram 169 relógios, item que os presos são proibidos de usar nas cadeias do Rio. Pelos valores e marcas de luxo, dois deles chamaram a atenção do Setor de Inteligência e serão alvo de investigação da secretaria. Há suspeitas de que os acessórios tenham sido roubados pelos criminosos ou seus comparsas. Por isso, a Seap vai investigar as origens de ambos.




 
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