A 39ª Reunião do Gabinete de Crise da Covid-19 e Vigilância das Doenças Emergentes e Reemergentes aconteceu nesta segunda-feira (13), no auditório do Centro Administrativo José Alves de Azevedo (CAJAA). Durante o encontro virtual, foram apresentados dados positivos de estabilidade da Covid-19 e reforçada a necessidade da vacinação bivalente. Outro assunto debatido, este de maior preocupação no momento, foi a dengue que contabiliza 701 casos confirmados, sendo um óbito no município, que se encontra em situação epidêmica para a doença.
O encontro, segundo deste ano, foi aberto pelo secretário municipal de Saúde, Paulo Hirano. Na sequência, o superintendente da Rede Campos de Saúde Pública, o infectologista Charbell Kury, iniciou a apresentação dos dados científicos, técnicos e indícios sobre as doenças, entre eles um gráfico (Diagrama de Controle) que aponta o crescimento dos casos de dengue de 2023 quando comparados a média histórica dos últimos 10 anos.
“Estamos atentos em relação à curva ascendente de casos nas últimas semanas. Isso caracteriza uma linha epidêmica, ou seja, já estamos entrando numa possível epidemia de dengue nos próximos meses. A dengue é uma patologia que se não for bem tratada eleva o risco de desenvolver sintomas mais graves e, consequentemente, o óbito. Nós já tivemos um óbito na cidade. E, para que a gente evite isso, é preciso um movimento com toda a sociedade e aí chamo atenção, mais uma vez, de que nós só temos dengue porque temos o mosquito transmissor e lembrar que 80% dos criadouros estão dentro das casas das pessoas. É imperativo que cada cidadão tome conta dos seus espaços, de seu quintal, e consequentemente estar protegendo sua família e o seu entorno”, disse Paulo Hirano.
Segundo Charbell, o pico de epidemia pela arbovirose ocorre entre março, abril e maio, podendo se estender até junho. Ele ressaltou a importância do trabalho que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) vem realizando, como os mutirões de limpeza, tratamento químico e mecânico, além das ações integradas multissecretarial. Essa última foi feita em Travessão, Pecuária e Parque Prazeres. O próximo bairro a receber o grande mutirão de combate ao Aedes aegypti será o Jockey Club, na quinta-feira (17).
“A gente se preocupa muito porque esse ano a dengue é diferente dos últimos anos. Estamos preocupados com a possibilidade do dengue tipo 2 (DENV2). Esse sorotipo já ceifou uma vida. Isso nos mostra a letalidade, a chance que esse vírus tem de causar mais mortes, principalmente porque ele não causa uma grande quantidade de casos como os tipos 1 e 4, porém são casos com maiores gravidades. E, se o paciente não for tratado imediatamente, leva a um quadro de choque e, consequentemente, óbito”, afirmou Charbell Kury.
De acordo com o especialista, relatórios apontam que houve um aumento, nos últimos 30 dias, de cerca de 50% se comparado a média do mês anterior. “Para cada um caso confirmado, nós temos a famosa “teoria do iceberg”. Em cada caso que a Vigilância pega, nós temos de 5 a 10 casos que a gente não pega. Isso significa que têm pessoas que tem quadros oligossintomáticos (pouco sintoma) ou assintomáticos (sem sintomas) e que não procuram os serviços de saúde. Então, a gente pode estar com um quadro muito maior do que estamos calculando”, completou Kury.
O diretor do CCZ, Carlos Morales, reforçou o pedido para a população dedicar 10 minutos para verificar as condições de seus quintais, eliminando possíveis criadouros do vetor. “Se verificar todos os dias o dreno da geladeira, do ar refrigerado, os pneus abandonados, fazer uma limpeza e retirar os inservíveis, tenho certeza que a dengue não vai chegar na sua casa. Esse trabalho é de todos nós. É um alerta que nos acende e a população tem que está unida com a gente nessa luta”, disse.
Luiz José de Souza disse que desde 2010 que não havia registro da circulação do DENV2. “A população precisa estar atenta aos sinais de alerta. A doença começa com uma febre, mialgia, cefaleia, dor no corpo, mas em alguns esses sintomas podem piorar para uma dor abdominal, sangramento, queda de pressão e, são essas que precisam de internação e hidratação”, alerta o médico que é coordenador do Centro de Referência da Dengue e Pos-Covid Dr. Jayme Tinoco Netto.
COVID-19— O escore geral da Covid-19 permanece na fase branca. Com isso, as medidas de enfrentamento à pandemia, ainda que o momento seja de retração, serão atualizadas por meio de decreto municipal publicado ainda hoje. A Secretaria Municipal de Saúde também manterá a testagem e a vacinação contra Covid-19 e de rotina nas escolas e unidades da rede de saúde. O uso de máscara de proteção individual será facultativo. Segundo Charbell, a taxa de positividade para a Covid-19 este mês apontada no exame PRC está em 14%, enquanto que em janeiro era de 13%. Já o antígeno está em 42% e no início do ano era de 10%.
“A Covid-19 não acabou. Estamos em pleno março, que é quando começa a temporada de viroses, principalmente da influenza e do vírus sincicial respiratório. Muitas crianças têm doenças respiratórias e quando vamos ver é Covid-19 e adultos se reinfectando. Com base nos dados vamos continuar tendo minis ondas da Covid-19. O vírus ainda está entre nós. Ele é igual ao da gripe, que tem vacina anual, assim será para Covid”, explica Charbell.
E, segundo o especialista, a forma de bloquear essas minis ondas é a vacina bivalente, que está disponível para pessoas acima de 60 anos e pessoas imunocomprometidas acima de 12 anos. “Essa vacina tem proteção contra a cepa ômicron. Temos agora a subvariante XBB que substituiu BQ.1 e a vacina bloqueia essa transmissão”. Até a última sexta-feira, foram aplicadas somente 5.581 doses da vacina bivalente, o que procura as autoridades em saúde.
GRIPE AVIÁRIA— Outro assunto abordado durante a reunião foi a gripe aviária. Não há casos na cidade, mas a confirmação no exterior tem preocupado as autoridades sanitárias do Brasil, que já emitiram alerta. O município junto com o Núcleo de Defesa Agropecuária da Secretaria de Estado de Agricultura fará a distribuição de um cartaz informativo para orientar a população. A Defesa também faz a coleta de swab de aves, por amostragem, para uma investigação do vírus.
Também participou da reunião o assessor chefe do gabinete da Procuradoria Geral, Leonan Rodrigues.