"Revoltada" Assim se sente a professora Ana Beatriz Machado, de 27 anos, após presenciar a morte do marido, o pedreiro Rafael Coimbra, 38, na tarde de quinta-feira (04), em Magé, na Baixada Fluminense. Rafael foi morto com um tiro nas costas pelo próprio cunhado, por causa da disputa do terreno que divide a casa deles, na Rua 15, no bairro Jardim Santo Antônio.
A professora conta que quando o marido chegou em casa do trabalho percebeu que o cunhado tinha passado um cano de esgoto pelo quintal da casa deles. Ele foi empurrar a tubulação para o quintal vizinho, quando foi alvo dos tiros.
"Ele veio armado, mirou na cabeça do Rafael, atirou, mas não acertou. Foi quando meu marido correu e ele ativou novamente acertando ele pelas costas", Ana Beatriz narra, bastante emocionada.
De acordo com a professora, depois do crime, o autor dos disparos fugiu do local. A família tentou socorrer Rafael no Hospital Municipal de Magé, mas ele já chegou à unidade sem vida. Ainda no quintal do casal, Ana afirma que viu quando o marido "deu a ultima respirada, virou os olhos e morreu".
IRMÃ NEGLIGENTE
A professora acusa a própria irmã de Rafael de ter sido negligente no caso, não protegendo o irmão. "Depois dos tiros, ela disse que o problema era dos dois e que não tinha nada a ver com isso", reclama, dizendo que a cunhada teria se negado a entregar fotos do pedreiro aos policiais que a procuraram.
Tanto a Polícia Militar quanto a Civil foram acionadas para o caso. O 34°BPM (Magé) informou que quando chegou ao endereço já encontrou Rafael sem vida. Já a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) fez a perícia no local e investiga o caso.
"Os policiais passaram a noite no meu bairro procurando pelo assassino. Os agentes acham que ele ainda está em Magé ou pelas redondezas na casa de algum parente, porque a região foi cercada", a professora afirma.
Em meios às investigações do crime contra o marido, Ana ainda pensa em uma forma de contar que Rafael morreu para a filha de oito anos do casal, que estava juntos há 10 anos. A menina ainda não sabe da morte do pai e pergunta por ele a todo o momento.
"Ela questiona porque eu estou com o celular dele, e fica ouvindo a música preferida dele. Ela desconfia, mas a gente desconversa e muda de assunto", a mulher diz, avisando que em breve dará a triste notícia à criança.
BRIGA RECENTE
A discussão pelo terreno entre os cunhados é recente. Ainda segundo a professora, o marido vendeu o terreno da casa ao lado para a irmã há cerca de dois anos. A transação teria sido feita "de boca", através de um acordo entre os dois. "Ela estava ciente do pedaço do terreno. Quando se casou com esse rapaz, ele começou a crescer o olho e dizer que a medida daria na nossa sala. Foi quando começou essa briga", relembra.
A professora diz que o marido defendia um acordo entre eles, sem a necessidade de briga. Mas ela não imaginava que o impasse seria o motivo para uma tragédia.
"Eu estou revoltada, triste, muito triste, porque destruíram minha família. Ele era um trabalhador, batalhador, homem bom, amado por todos e não merecia isso. Eu só quero justiça. Quero os dois na cadeia, porque a irmã dele é cúmplice", pede.
Na manhã desta sexta-feira (05), a família estava preparando os documentos para marcar o enterro do pedreiro. O corpo de Rafael foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) de Itaboraí.