07/02/2023 às 10h40min - Atualizada em 08/02/2023 às 00h00min

Vítimas da GR Canis protocolaram denúncia na CVM para tentar reaver valores investidos 

Estima-se que existem cerca de 3,5 mil investidores que tenham sido atraídos pela empresa.

SALA DA NOTÍCIA MP News
As vítimas da empresa GR Canis Majoris, acusada de operar um esquema de pirâmide financeira, através de seus representantes legais, protocolaram uma denúncia na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no último dia 1º de fevereiro. Ainda não se sabe a extensão do golpe nem a quantia exata envolvida. Mas, somente em 30 ações que estão tramitando na Justiça de São Paulo os valores represados pela empresa se aproximam de R$ 4 milhões. Estima-se que existem cerca de 3,5 mil investidores que tenham sido atraídos pela empresa.

No documento assinado pelos advogados Jorge Calazans, Mayra Vieira Dias e Paulo Augusto Tadeu Nakano Nogueira, o pedido é para a realização de uma análise sobre a existência de autorização dos sócios administradores, Jorge Luiz Pereira Barbosa Junior, Mateus Davi Pinto Lucio e Isis de Oliveira Barbosa e as demais empresas do grupo denunciados em administrarem carteiras de valores mobiliários e, em caso negativo, que sejam suspensas as atividades empresariais das empresas denunciadas.

Na denúncia, os advogados também apontam todas as irregularidades e, além de solicitar as apurações, pedem o encaminhamento  ao Ministério Público Federal para que tome as devidas providências sobre a possiblidade de existência de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.

Para o advogado Jorge Calazans, conselheiro Estadual da ANACRIM, sócio do escritório Calazans & Vieira Dias Advogados, com atuação na defesa de vítimas de fraudes financeiras, o roteiro seguido pela GR Canis Majoris é semelhante aos demais golpes desse tipo. “Em um portal simples, a empresa afirma ter escritório em São Paulo e em Chicago (EUA), buscando passar imagem de credibilidade e confiança ao investidor, enquanto ela, sem qualquer registro ou autorização na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio de seus sócios, realiza suas operações à margem das leis que regulam o mercado de capitais”.

Uma multinacional especializada no mercado de renda variável, com diversidade de investimentos financeiros, imediatismo e possibilidade de ganhos. Foi com esse apelo que a empresa GR Canis Majoris, rotulou grande volume de operações de capital com forte apoio da tecnologia, para a prática de pirâmide financeira, crime que tem vitimado cada vez mais brasileiros, atraídos pela esperança de obter um retorno de seus investimentos bem maior daqueles oferecidos por instituições financeiras.

A isca usada para atração de investidores era promessa de pagar um rendimento de 3% ao mês com lastro em ativos internacionais. “Em geral, os investidores recebem seus lucros nos primeiros meses de investimento e com essa segurança passam a fazer a publicidade para amigos e familiares, que viram novos investidores. Quanto mais dinheiro novo entra, mais forte é a impressão de que se trata de um negócio legítimo, não uma fraude”, descreve Calazans.

Entretanto, em um determinado prazo o dinheiro para de ser depositado, a empresa faz uma restrição de saque do capital principal e dos juros. E o efeito manada se completa quando o esquema começa a entrar em colapso e a empresa passa a dar uma série de desculpas para barrar qualquer tipo de acesso das vítimas ao dinheiro ou qualquer simples informação. “É o que tem acontecido em mais esse caso”, destaca o advogado, que representa milhares de vítimas de alguns crimes de pirâmide financeira praticados no Brasil.

O especialista ressalta que essas pessoas são vítimas do crime de estelionato. “A representação criminal é essencial para a reunião de elementos e provas contra os fraudadores. Isso porque os golpistas têm medo da cadeia. Além disso, depois de registrar suas queixas às autoridades policiais, é preciso acionar a Justiça para reaver seus investimentos. Esse é o único caminho e a força das vítimas é o principal antídoto contra os golpistas”, finaliza Calazans.
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