15/12/2022 às 12h16min - Atualizada em 16/12/2022 às 00h01min

Como o mercado financeiro reagiu à nomeação de Haddad ao Ministério da Fazenda

Como já esperado, o presidente eleito Lula anunciou, na manhã de sexta-feira (9), Fernando Haddad como Ministro da Fazenda de seu próximo governo, que toma posse em 1º de janeiro de 2023. “Não será uma trajetória tranquila para a pasta”, afirma Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial

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Luciano Bravo - Inteligência Comercial
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A postura do mercado, no entanto, é de bastante cautela, principalmente quanto a quais serão as medidas tomadas pelo político no novo cargo, uma vez que não possui muita experiência no assunto. Haddad é formado em Direito pela USP (Universidade de São Paulo), especializado em Direito Civil, mestrado em economia e doutorado em filosofia pela mesma universidade, tendo sido Ministro da Educação e também prefeito da cidade de São Paulo.

 

Apesar de possuir experiência acadêmica em economia, de acordo com Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners, a nomeação de Haddad para a pasta não tem sido muito bem recebida pelo mercado, não somente pela falta de experiência econômica prática, mas também pelo forte indício de que a pasta não terá muita independência na sua condução, e poderá sofrer interferências do presidente eleito.

 

“Acredito que a Bolsa e o dólar já demonstraram que o mercado não gostou muito da ideia de ele (Fernando Haddad), como Ministro da Fazenda. Pelo fato de que ele não possui nenhuma experiência nisso, não se trata de uma pessoa com alguma experiência no mercado financeiro, e sem falar que, politicamente, o mercado entende que ele não terá uma independência na condução da pasta. Isso fará com que o presidente atue diretamente no Ministério da Fazenda, e todo mercado gosta de independência, principalmente da Fazenda, o que, ao que parece, não será a realidade deste ministério.”, afirma o especialista Luciano Brasil.

 

Algo que já era consenso entre especialistas é que o mercado já precificava a nomeação de Haddad há algumas semanas atrás. O Ibovespa, principal índice acionário no Brasil, opera em alta, puxado pela Vale, enquanto que o dólar registra uma leve variação positiva, beirando a estabilidade. Segundo Luciano Bravo, o que ainda pode mexer um pouco com os ativos nacionais é a definição dos nomes de primeiro escalão do ministério, que irão compor a equipe de Haddad. De acordo com o especialista, dependendo que quem Haddad escolher, o mercado ainda poderá reagir positiva ou negativamente.

 

“A renda fixa no nosso país, precificando a Selic em 13,75%, e agora, com a nomeação de Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda, com certeza a Selic continuará alta. A próxima revisão da taxa, que será no fim de janeiro, muito provavelmente ou manterá ou subirá a taxa Selic, até porque, tanto o Banco Central como os mercados, não aceitaram bem essa indicação e obviamente isso refletirá em uma subida dos juros de forma geral. Inclusive hoje já se trabalha com os ganhos da renda fixa até 19% ao ano, e isso obviamente afugenta todo e qualquer capital de investimento na área produtiva. Então os fundos permanecerão com os recursos alocados na renda fixa, e não coloração recursos com mercados que precisam de investimento. Juros altos, com baixo risco, todo mundo quer!”, pontua Luciano Bravo.

 

Apesar de o mercado nacional não ter enxergado com bons olhos a nomeação do novo ministro, Bravo explica que esse pode ser um excelente momento para busca de aporte financeiro internacional, já que, com os juros altos, os investidores internacionais enxergam no mercado brasileiro uma boa oportunidade de obter ganhos mais elevados, principalmente levando em conta a escassez de crédito concedido, especialmente, a pequenas e médias empresas. Esse cenário pode favorecer a busca por crédito internacional.

 

“Toda empresa que hoje buscar aporte no mercado financeiro brasileiro no ano que se inicia, terá uma imensa dificuldade, fora as restrições normais de acesso ao crédito, principalmente por endividamento, que hoje se situa em torno de 30% do faturamento, então além dessa escassez, o novo Ministro também desaquecerá investimentos de financiamentos e empréstimos do setor privado, que enxergará isso com muita cautela, e é aí que o aporte de capital internacional tem imensa relevância. Os investidores internacionais precificaram a vitória de Lula, precificaram as indicações dele aos Ministérios e, de forma bastante tranquila, aceitaram isso, principalmente porque, deste modo, os ganhos no Brasil serão muito altos e isso favorece a captação de recursos financeiros internacionais. O investidor internacional está gostando desse cenário, principalmente por conta dos altos ganhos que isso provocará na Bolsa e em outros investimentos especulativos. Então, se o brasileiro busca fora do país por capital, certamente ele irá encontrar um ambiente muito mais harmonioso e favorável do que o Brasil.”, finaliza Luciano Bravo.

 

Haddad garantiu que o novo arcabouço fiscal do Brasil, que substituirá a atual regra do teto de gastos, será definido somente no ano que vem. Afirmou ainda que já tem “sondado” muita gente para compor sua equipe, e que seu objetivo é montar um grupo plural e que trabalhe de forma coesa com o Ministério do Planejamento, já que o pesidente eleito Lula também já havia dito que o Ministro do Planejamento do seu governo precisará ser alguém “afinado” com o Ministério da Fazenda.


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