Duas ativistas dos Direitos Humanos, que atuam na área das relações étnico-raciais e de gênero, criaram uma proposta inovadora que leva música de concerto e instrumentos clássicos para dentro de creches e instituições públicas com a finalidade de promover gratuitamente o acesso à cultura e lazer de qualidade para pessoas que têm pouca, ou nenhuma, oportunidade de assistir concertos de música de forma presencial, além de fomentar a importância do ensino da música nas escolas.
Em sua terceira edição, o projeto Concertante vem acontecendo há três anos no Rio de Janeiro e chegou a Goiânia em setembro e desde o dia 5 está possibilitando a interação entre alunos da primeira infância, entre 0 a 6 anos, através de instrumentos, que normalmente estão em palcos de orquestras de músicas clássicas. Cerca de 400 crianças serão beneficiadas pelo projeto.
Desde a sua idealização, o viés principal do Concertante é viabilizar o acesso do ensino de música, com recorte de gênero e, principalmente, de raça.
“Sabemos que a comunidade negra integra grande parte dos espaços públicos de educação, desta forma, toda a comunidade pode ser beneficiada através de música de qualidade, novas experiências, despertar para novas possibilidades de aprendizado. E conseguimos impactar crianças, seus pais, professores, diretores e coordenadores, merendeiras, equipe de faxina e todos que estão em volta“, frisou Letícia Santos, produtora cultural e uma das responsáveis pela criação do projeto.
A metodologia aplicada pelo projeto Concertante nas creches públicas foge totalmente dos modelos tradicionais, porque não existe palco nesses concertos. Os músicos se posicionam no centro do espaço e as crianças ficam ao redor dos artistas, e no mesmo nível, deixando a música ao alcance delas.
Para a cantora lírica, empreendedora e gestora cultural, Priscilla Cadette, a ideia de concertos didáticos é o grande diferencial do Concertante, mas o projeto vai muito além.
“Acreditamos que a educação musical é uma ferramenta importantíssima para o desenvolvimento das crianças e jovens. E não oferecemos somente os concertos didáticos, mas oficinas de capacitação para os professores colocarem em prática em sala de aula, técnicas de sensibilização através da educação musical. Dentro do escopo do nosso projeto também oferecemos palestras para alunos de licenciatura em música, além de oferecer bolsa-incentivo para alunos que desejam estagiar no projeto“, ressaltou Priscilla Cadette, que também é responsável pelo Concertante.
Ao todo, cinco creches públicas vão receber os concertos, dentre elas o Departamento de Educação Infantil da Universidade Federal de Goiânia (UFG). Nesta segunda-feira (12/9), os concertos vão acontecer nos CMEIS Jardim América e Evangelina e na terça-feira (13/9) nos CMEIs Minervina e Goiânia Viva e na Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência (Apabb).
Imagem: Comunicação Sem Fronteiras
