“Eu optei por ser cuidadora porque acredito na educação. Tenho um afilhado autista e ele sempre foi muito segregado na escola particular. E quando entrou na escola pública, teve seu primeiro aniversário com todos os amigos presentes, graças ao trabalho dos mediadores e cuidadores. A educação pública também pode ser boa e mudar pessoas". O relato é da professora Clarissa Louise, que emocionou a todos na manhã desta sexta-feira (19), durante capacitação de Mediadores e Cuidadores, realizada pela Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct), no Teatro Municipal Trianon, em parceria com o Instituto Neurodiversidade.
O evento marcou a celebração de boas-vindas a esses profissionais que foram convocados pelo Processo Seletivo promovido pela Seduct, neste ano, para contratação de 200 mediadores e 100 cuidadores. Eles começam a atuar nas escolas da rede municipal de ensino a partir de segunda-feira (22). A capacitação foi aberta pela banda da Seduct e contou com a presença do secretário de Educação Ciência e Tecnologia, Marcelo Feres, e da subsecretária Rita Abreu. O secretário enfatizou a necessidade e as dificuldade da inclusão.
"Não se trata apenas da estrutura física das escolas, é muito mais que isso. A sociedade inclusiva que a gente sonha é a que aceita a diversidade. Essa deve ser a tônica de olhar a inclusão. Hoje, conseguimos fazer um processo seletivo. Quero agradecer aos novos profissionais que estão chegando e que, a partir de agora, tenhamos nossas responsabilidades divididas. Sabemos que o processo não é rápido, mas é possível. E eu conto com a ajuda de todos vocês nessa caminhada. A agenda da inclusão está presente nos nossos trabalhos desde janeiro de 2021 e estamos crescendo. Temos ainda a Cidade da Criança e do Futuro, que será transformado em um centro de educação inclusiva. Agradeço ainda ao prefeito Wladimir Garotinho por seu olhar sensível à causa da inclusão", pontuou Feres.
Rita Abreu, falou da importância dos mediadores e cuidadores. "É um grande avanço, um marco histórico porque estamos conseguindo pessoas capacitadas, técnicas. Trabalhar a educação é fazer a diferença e estamos fazendo isso. Temos um caminho longo a percorrer, mas o principal já temos, que é a vontade de fazer acontecer", disse Rita.
Coordenadora da Educação Especial Inclusiva, Carolina do Carmo deu boas-vindas aos participantes. "Essa é a primeira capacitação desses 300 profissionais. Todos nós estamos muito motivados e animados com a chegada deles. Em maio de 2022, aprovamos a Lei 9.145, da nova Política Municipal de Atendimento à Educação Especial Inclusiva, com o objetivo de assegurar o acesso, a permanência, a participação plena e a aprendizagem de bebês, crianças, adolescentes, jovens e adultos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades ou superdotação nas unidades escolares da rede municipal. Todo esse processo tem sido muito gratificante”, explicou Carolina.
A assessora técnica da Seduct, Cátia Mello, falou de suas experiências como mãe de duas crianças atípicas. "Como mãe, eu posso afirmar que somos nós que aprendemos com eles. Encarem como uma missão porque, certamente, essas crianças vão trazer muitos ensinamentos para vocês" relatou Catia.
DEPOIMENTOS – Thamires da Silva Oliveira, já atuou como mediadora em 2017 em escola pública, como estagiária. "Foi uma experiência muito necessária. Muitas vezes o professor não consegue trabalhar de forma completa com as crianças. É um trabalho fantástico. Só entende quem passa pela experiência ".
Já Angélica Maria de Souza vai atuar pela primeira vez como mediadora. "Sou professora e estou muito ansiosa para começar. É sempre muito bom aprender coisas novas", diz Angélica.
Quem também está ansiosa para trabalhar como mediadora é a Carine da Silva Carvalho. "Atuo como professora, costumo ler muito sobre inclusão. É uma realidade e temos que estar preparadas", explica Carine.
CAPACITAÇÃO – Um dos palestrantes, o professor João Lucas Maciel, CEO do Instituto Neurodversidade, além de sócio-fundador e administrador, e mestre em Ciências da Atividade Física, com ênfase em Neurociência, falou sobre as dificuldades da inclusão. "É muito difícil ver o que está acontecendo aqui, hoje, em Campos. Dificilmente, os municípios se preocupam com a necessidade da inclusão, capacitação e contratação de mediadores. E vocês conseguiram, estão fazendo. Na vida, quando a gente quer fazer algo, dá-se o jeito", disse o professor, sócio-fundador e administrador
O professor doutor Sergio Machado também participou. Ele é fundador e diretor técnico-acadêmico do Instituto Neurodiversidade; graduado em Licenciatura Plena em Educação Física; doutorado em Saúde Mental pelo IPUB/UFRJ; doutorado em Ciências do Desporto pela UBI/Portugal; pós-doutorado em Saúde Mental pelo IPUB/UFRJ; ex-professor de Mestrado e Doutorado do IPUB/UFRJ (2014-2017); professor visitante do Mestrado em Ciências do Movimento e Reabilitação da UFSM (2021-2023).
Outra participação foi do gestor de Relacionamentos do Instituto Neurodiversidade, Luiz Carlos Vieira Junior, graduando em Desenvolvimento e Coach na área de Desenvolvimento Humano e Inteligência emocional.