Há um número expressivo de brasileiros preocupados com duas eleições: a de 2 de outubro, no Brasil, e a dos Estados Unidos, tradicional eleição de meio de mandato, um teste para o atual presidente norte-americano Joe Biden. A advertência é do especialista em investimentos Ariel Yaari e da advogada especializada em imigração aos EUA, Anita Mignone, que também é cientista política.
Em relação às eleições brasileiras, Anita comenta que há dois grupos com a mesma preocupação. “Tanto os que apostam em Bolsonaro e têm medo de Lula, como os que apostam em Lula e têm medo de um novo mandato de Bolsonaro, estão transferindo seus investimentos para os Estados Unidos, por segurança”, explica Anita. Esse fluxo vem aumentando nas últimas semanas, segundo ela.
De acordo com a Polícia Federal, órgão responsável pela confecção de passaportes, o Brasil emitiu mais de 500 mil passaportes entre os meses de janeiro e março de 2022, somente no mês de abril foram 120.538 emissões. Os dados mostram ainda que, quando comparado ao mesmo período do ano passado, o ritmo de impressão segue maior, 134,96%.
Uma pesquisa do BofA Securities, divisão de investimentos da multinacional americana Bank of America, revelou que 40% dos investidores estão atentos aos planos fiscais após as eleições brasileiras, uma vez que os líderes das pesquisas de intenção de votos vêm falando sobre mudanças em teto de gastos; enquanto 45% já estão preocupados com a situação das contas públicas no curto prazo.
“Pelo movimento que observamos entre nossos clientes, há claramente outro grupo insatisfeito com as duas possibilidades de resultado nas eleições brasileiras de outubro e que está fazendo as suas malas para deixar o Brasil, muitos com toda a família, utilizando as oportunidades oferecidas pelo governo norte-americano como os vistos EB-5 e EB2 NIW”, explica Ariel.
Já em relação às eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, comenta Anita, a preocupação é dos brasileiros que residem de forma ilegal naquele país e percebem que a cada eleição, a caça aos imigrantes ilegais pode aumentar, como tem ocorrido com os governos democratas, apesar das ameaças virem com maior força dos republicanos.
Neste sentido, a advogada constata um aumento de brasileiros que vivem naquele país, pela procura de vistos tendo como base vínculos familiares, violência doméstica, questões humanitárias e até asilo político. Ela conta, para ilustrar, que recentemente conduziu um caso extremamente delicado e complexo, de uma família morando a mais de 20 anos nos EUA, que mesmo tendo entrado ilegalmente nos pais, felizmente conseguiu legalizá-los nestas condições.