A pandemia trouxe à tona o quanto a cadeia de suprimentos é uma rede global, interdependente e cada vez mais digital. A gestão logística deixou de ser um desafio apenas das organizações e governos e passou a fazer parte do cotidiano das pessoas, especialmente após o crescimento vertiginoso do comércio online durante os dois anos de crise sanitária. Além disso, as mudanças no cenário geopolítico - a exemplo da guerra na Ucrânia - impactam diretamente no supply chain, diferentemente do que se via há anos atrás, quando a globalização ainda não era uma realidade.
Eventos mundiais como esses interferem profundamente na cadeia de distribuição de produtos. A Ucrânia é uma das principais produtoras de gás neônio, representando cerca de 70% da exportação mundial desta matéria prima. O neônio é o gás utilizado para a fabricação de microchips, que já estão escassos no mercado desde o início da pandemia. Isso faz com que os preços dos equipamentos eletrônicos, que já estavam altos, subam ainda mais. Por sua vez, a Rússia, que é a maior fabricante de fertilizantes do mundo e deixou de exportar grande parte da sua produção por conta de sanções aplicadas pelos governos como retaliação aos confrontos no país vizinho. Como consequência da diminuição da disponibilidade de fertilizantes no mercado, o preço sobe, a produção agrícola perde competitividade e aumentam os preços dos produtos alimentícios nas gôndolas dos supermercados e nos restaurantes.
O setor de alimentos é o que mais tem sofrido com a alta nos preços. No IPCA de abril de 2022, alimentação e bebidas representaram o maior crescimento, com inflação de 2,06%. Os bares e restaurantes, que davam sinais de recuperação após a crise deflagrada pela pandemia, começaram a rever sua forma de comprar para poder conseguir equilibrar as contas. Com dívidas contraídas durante a crise sanitária e uma despesa com insumos cada vez mais elevada, viu-se a necessidade de encontrar um novo caminho: trabalhar de forma conjunta.
Através do associativismo, empresários do ramo alimentício encontram uma solução para diminuir os custos com a aquisição de suprimentos e aumentar os seus resultados. Companhia especializada em compras conjuntas, a Área Central tem observado com otimismo esse comportamento e tendência no Brasil.
"O desenvolvimento de ações conjuntas na cadeia de suprimentos tem ajudado empresários a resolver problemas de competitividade em seus negócios, como eliminação de intermediários de compras, entre outros. No segmento alimentício, por exemplo, tivemos um cliente que economizou em apenas um único produto, mais de 20% na compra feita em conjunto. A adoção dessa prática pelas empresas faz com que crises geopolíticas e sanitárias tenham um impacto menor na lucratividade dos negócios”, contextualiza Jonatan da Costa, CEO da Área Central.
Mesmo com o mundo caminhando para um período pós-pandemia, os efeitos da crise sanitária na cadeia produtiva e de distribuição ainda são e deverão ser sentidos por muito tempo. Por isso, Costa vê que as compras conjuntas não se tratam apenas de uma tendência, já são realidade.
"Os modelos organizacionais baseados na associação e no compartilhamento pressupõem a união de empresários com o intuito de se tornarem mais competitivos. Por isso, é importante ter em mente que o processo de compras conjuntas pode ser um importante aliado para driblar a alta dos preços e fazer com que as empresas tenham maior previsibilidade na compra de matérias-primas e produtos”, complementa o CEO da Área Central. Hoje, a empresa conta com mais de 200 clientes e 400 mil fornecedores cadastrados que já adotam esse modelo e vêm colhendo os frutos das negociações conjuntas.
Segundo o especialista, assim como os restaurantes, qualquer segmento que tenha uma rotina ativa de compra, com uma demanda por quantidades altas e frequentes, pode se beneficiar com essa prática.