O governo do Rio de Janeiro está usando um órgão público de pesquisa e estatística para contratar, sem transparência, mais de 18 mil pessoas. O UOL apurou que parte desses postos serve para abrigar apadrinhados de aliados políticos do atual governador e pré-candidato, Cláudio Castro (PL). Os nomes desses funcionários da Fundação Ceperj (Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos) não são publicados em Diário Oficial e tampouco aparecem em documentos disponíveis para consulta. Fontes relataram que pagamentos de salários ocorrem na boca do caixa do banco Bradesco —que paga servidores do RJ— sem sequer um contracheque.
Quantidade de cargos (18.188) foi feita pelo UOL com base em tabelas que constam no sistema eletrônico de processos administrativos do governo fluminense relativas a oito projetos tocados pela fundação desde agosto do ano passado. Essas iniciativas, que abrangem áreas como esporte e qualificação profissional, devem consumir ao menos R$ 625 milhões até o fim do ano —o valor envolve salários e outros custos dos projetos. O governo do Rio se recusou a informar o valor dessas folhas de pagamento. Procurada, a Ceperj não contestou a criação das mais de 18 mil vagas e negou o uso político dos cargos.
Sobre a falta de transparência, a Ceperj afirmou que, "no caso de contratados, sem vínculo empregatício, e por não se tratar de CLT [funcionários com carteira de trabalho assinada], não há previsão de publicação referente aos nomes dos profissionais selecionados"
O UOL mapeou ao todo 13 projetos da Ceperj em parceria com órgãos do governo do Rio —em apenas oito deles contratações foram informadas nos processos administrativos. Em março, a reportagem pediu ao governo fluminense, com base na LAI (Lei de Acesso à Informação), que fossem informados todos os nomes e salários de contratados de nove projetos da Ceperj. O pedido foi negado em todas as instâncias do governo (leia mais a seguir). Os contratados para os projetos da Ceperj tampouco aparecem em site do governo que atualmente informa os nomes e salários de todos os funcionários concursados e com cargos comissionados nos últimos 12 meses
Documentos também mostram dificuldade de contratados em comprovar o trabalho. Uma funcionária do projeto Esporte Presente RJ pediu neste mês seus contracheques à ouvidoria da Ceperj. A resposta foi que o comprovante de pagamento disponível "é o canhoto entregue pelo banco no momento do saque".
Com informações do site UOL, em matéria assinada por Ruben Berta. Mais informações no link https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/06/30/em-ano-eleitoral-rj-tem-folha-de-pagamento-secreta-de-18-mil-cargos.htm