O PIB do município de Campos dos Goytacazes (RJ), segundo os dados do IBGE de 2021 expandiu 0,1% em relação ao ano de 2020. Esta foi à notícia mais divulgada na Planície Goitacá no último final de semana. Inclusive, importa salientar no ensejo, com direito a matéria em jornais de grande circulação do estado do Rio de janeiro.
Todavia, urge necessário deixar claro, a variação percentual de 0,1 do PIB campista ocorreu exatamente sobre o ano de recessão econômica do Brasil onde todos se lembram, o PIB nacional encolheu 4,1%, ou seja, tivemos uma profunda recessão da economia brasileira, por conta da pandemia. Então, a base de comparação escolhida para mensurar o crescimento econômico, do ponto de vista técnico, não é a mais indicada pela literatura econômica.
Por outro lado, o que adicionou valor ao produto interno da economia de Campos, foram às rendas petrolíferas, reforçando, com isso, a nossa condição de município petro-rentista, o que todos estamos cansados de saber. E não exatamente a dinâmica da frágil economia local, segundo o Índice de Dinâmica Econômica Local (INDEL) do NUPERJ, cujos setores econômicos mais importantes destacam-se o de serviços e de comércio de baixa remuneração salarial e baixo valor agregado. O que não é razoável.
Apenas a guisa de ilustração sobre o contexto acima, o geógrafo Wiliam Passos faz a seguinte observação em um dos seus artigos:
“Entretanto, gostaria, neste espaço, de chamar a atenção para a economia de Campos, contabilizada entre os PIBs que mais cresceram no Brasil em 2021. É muito importante que este resultado seja recebido como um alerta. O posicionamento de Campos no ranking do PIB nacional é fruto muito mais da produção de petróleo e gás na plataforma continental do que do dinamismo da economia territorial do município. Por isso, a necessidade de se pensar, debater e operacionalizar uma alternativa econômica para o município e a Região. Felizmente, temos muitas potencialidades, mas não gostaria de apontar caminhos. Penso que o momento é o da construção coletiva, o que passa pela necessidade de escuta da sociedade civil. E não somente ela."
Por fim, assistir o governo Wladimir Garotinho publicar matéria fantasiosa em jornal de grande circulação do estado e afirmar que o sucesso econômico da cidade passa pela chegada das grandes lojas de atacado que se instalam na economia local, dando emprego, é verdade, mas infelizmente, elas não geram renda, pois, os salários pagos por esses grandes grupos econômicos são pequenos. É melancólico. E o pior, essas redes subtraem renda da economia local, remetendo à matriz, os seus respectivos lucros. Acrescenta-se, ainda, no passado, o aludido governo criou o índice Magalu de desenvolvimento econômico, agora, surge um outro, engendrado pelos iluminados membros do governo, o índice de desenvolvimento econômico denominado de Atacadão. É no mínimo hilariante. E viva o processo eleitoral de 2024. É o vale tudo da consquista pelo poder!