27/09/2021 às 01h19min - Atualizada em 27/09/2021 às 01h13min

TOQUES E CONSENTIMENTO DURANTE UM ENCONTRO

Omar Heart
O toque também é interpretado de forma particular por cada um, seja essa pessoa autista ou não. Não perca de vista que não existe obrigação, de nenhuma das partes, de querer ou permitir que qualquer tipo de toque aconteça.

Quando o encontro vai bem, uma coisa vai levando à outra. Ou seja: se você está em um encontro que vai bem e existe afinidade, talvez a pessoa comece a tocar suas mãos, rosto ou cabelo. Pode ser que ela tente até algo mais ousado, como um beijo, por exemplo. Se você se sente bem com a situação, procure retribuir a esses toques para demonstrar seu interesse. Em contrapartida, se a situação é desconfortável, se afaste.
Não permita que ninguém lhe toque de forma que você se sinta incomodado. Lembre-se: você está no controle e sempre poderá dizer ‘não’. Mas, é claro, o mesmo vale para a outra pessoa.

Não avance os toques se ouvir uma resposta negativa ou perceber que a pessoa não parece estar confortável. Uma boa forma de notar se o toque está sendo bem vindo é reparar se a pessoa está sorrindo e retribui ao carinho, ou se ela parece “paralisada” ou se afasta.
Como interpretar os sinais de interesse?

Os sinais de interesse envolvidos na paquera nem sempre são tão óbvios e claros, e pode ser difícil interpretá-los. Inclusive, a dificuldade em entender os sinais que o outro dá não acontece só com os autistas.
Mas afinal, que sinais são esses? Separei uma lista com sinais de que uma pessoa pode estar interessada em você.
A lista é baseada no estudo da linguagem corporal.

Por isso, repare se: ¹
 
Há proximidade corporal.

Existe a busca por contato físico.
A pessoa dá sorrisos prolongados para você.
Ocorrem olhares prolongados vindos dela, mesmo a certa distância.
A pessoa busca manter o contato visual durante a conversa.
Ainda durante a conversa, ela tende a inclinar a cabeça para o lado constantemente.
Quando sentada de frente para você, os pés ficam apontados na sua direção.
Quando vocês se encontram, a pessoa ajeita o cabelo, a postura ou as roupas.
Ela faz gestos que se parecem com os seus, como coçar a sobrancelha quando você coça, por exemplo.
É claro que, nem sempre, esses sinais podem ser levados ao pé da letra.
O contexto é importante, portanto, se não tiver certeza sobre como interpretar um sinal sutil, tente enviar outro sinal em seguida, como por exemplo, tentar encostar-se à mão do outro.
Se houver uma recíproca, provavelmente há interesse.
 
Lidando com a rejeição

Ao se aventurar no mundo dos relacionamentos, saiba que ser rejeitado acontece.
Pode ser dolorido e difícil de entender os motivos de primeira, mas todos têm o direito de recusar uma conversa, encontro ou contato físico.
Algumas vezes tudo parece ir bem, até que, para uma das partes, não vai mais.
Talvez vocês já tenham se encontrado e pode ser até que já exista algum envolvimento emocional ou físico.
Então, chega a notícia desagradável: a pessoa quer terminar o relacionamento.
Isso acontece com quase todas as pessoas que namoram em algum momento da vida.

Você precisará aprender a lidar com a rejeição sem sofrer mais do que o necessário.
Agora, nunca se esqueça que sofrer após um rompimento é natural.
Ficamos tristes, muitas vezes sem entender o motivo de tudo aquilo estar acontecendo, mas devemos entender que o sofrimento também é uma oportunidade de autoconhecimento.

Não se envergonhe se precisar de ajuda para lidar com seus sentimentos.
Busque conforto em sua rede de apoio: terapeutas, familiares, amigos.
Pessoas que te amam e querem seu bem podem fazer com que o momento difícil seja superado com mais facilidade.
 
Afetividade, autismo e relacionamento amoroso

Embora não seja uma regra, é verdade que muitos autistas têm alguma dificuldade em expressar seus sentimentos.
Pode ser um pouco mais trabalhoso para a pessoa dentro do espectro estabelecer esses laços mais íntimos, mas definitivamente não é impossível.
Através da terapia cognitiva comportamental, certamente você poderá descobrir formas criativas para melhorar a interação, proximidade e intimidade com o seu parceiro ou parceira.
Ao mesmo tempo, busque se envolver com pessoas que respeitem a sua individualidade.
Ter alguém ao seu lado só é valido quando a outra pessoa se preocupa em respeitar e aceitar você como é.
Eventualmente, para o relacionamento amoroso funcionar os dois lados terão que ceder um pouco, e é importante levar os sentimentos do outro em consideração. No entanto, se alguém está constantemente pedindo para que você mude coisas sobre si para se adaptar a ela, pode ser um sinal de que esta não é a pessoa certa para você.
 
Eu mesmo tenho problemas de relacionamento, demonstrar com palavras e ações que os neurotipicos definiram como padrão.
Sofri abuso emocional de uma ex simplesmente por não entender e compreender o que se define como padrões de comportamento na relação.
É impossível ter um relacionamento saudável se sua parceira/parceiro não entender e respeitar seu cérebro atípico.
E tudo fica muito mais difícil para um autista quando ele (a) chega na vida adulta, aparecem um monte de "especialistas" em autismo querendo mudar você.
Você não vai ver ninguém pedir a um cego para ele enxergar, ou dizer que ele está fingindo não enxergar, mas para nós autistas tudo é vítimismo, que fazemos para aparecer...

 Mas ninguém sabe a dor que é para nós organizar tantos pensamentos e sentimentos ao mesmo tempo.
Nossas reações e ações são frutos de arquivos de memória que armazenamos desde a infância, vemos os neurotipicos fazer e armazenamos como referência, mas na maioria das vezes nem sabemos, nem sentimos o que reproduzimos.

Dizem que quando estamos apaixonados sentimos um "frio na barriga" defina um frio na barriga...
Para passar esse frio quem que se agasalhar?
Mas enfim... Um dia seremos livres para sermos quem somos.
 
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